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O poder da cantora Anitta dentro do Nubank

Membro do conselho de administração do banco digital, Anitta já deu 'pitacos' que mudaram o rumo da empresa

Por Felipe Mendes, Carlos Valim Atualizado em 26 jan 2022, 18h07 - Publicado em 21 jan 2022, 17h52

O banco digital Nubank pegou a todos de surpresa quando anunciou, em junho de 2021, a cantora Anitta como integrante de seu conselho de administração. A estratégia de trazer a superstar da música pop brasileira era aproximar a empresa de um consumidor ainda sem grande familiaridade com produtos bancários. Mas não só isso. Em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA desta semana, o colombiano David Vélez, fundador do Nubank, revelou que o anúncio gerou controvérsias entre investidores num primeiro momento, mas que se manteve firme na escolha, já que a decisão visava promover mais diversidade no conselho do banco, formado, até então, majoritariamente por homens brancos e estrangeiros.

“O conselho é o órgão mais importante de qualquer organização. E uma das coisas que mais me incomodava em 2019 e 2020 era que nós tínhamos um conselho muito homogêneo. Eram muitos homens brancos, muitos deles brancos americanos, que nem entendiam quem era o nosso consumidor”, diz ele. “Faltava maior diversidade e conhecimento [no conselho] sobre o nosso cliente. Comecei a pensar muito sobre essa questão no começo do ano passado. A nossa ideia era criar, realmente, um choque de diversidade nesse conselho. E a Anitta fez muito sentido, porque ela traz uma visão completamente diversa para o conselho. É uma mulher que, nascida e crescida em uma favela do Rio de Janeiro, realmente representa os interesses dos nossos clientes e que consegue trazer uma visão sobre eles que nenhum outro conselheiro conseguiria trazer. Mas não foi uma decisão fácil. Tiveram muitas críticas no início.”

Mesmo com as reações contrárias, Vélez bancou sua posição de convidar a artista. Hoje, Anitta participa de reuniões trimestrais com os outros seis conselheiros e a diretoria do Nubank para discutir a estratégia sobre o futuro do banco digital, com foco no aprimoramento dos serviços oferecidos pela fintech a classes mais vulneráveis. O executivo conta que Anitta teve uma função primordial no convencimento do conselho sobre a importância de listar a empresa na bolsa de valores brasileira, a B3, junto com a planejada abertura de capital nos Estados Unidos. Foi ela quem, no conselho, chancelou a ideia de a empresa oferecer recibos de ações (BDR, os papéis que representam no Brasil as ações negociadas nos Estados Unidos) gratuitos para a sua base de clientes. Com a iniciativa, a empresa conquistou mais de 7,5 milhões de sócios.

“Quando a gente trouxe a ideia para o nosso conselho de oferecer de presente uma BDR a 16 milhões de clientes, a maior parte dos conselheiros tradicionais questionaram: ‘Como assim é um presente? Qual é o payback? O que você vai ganhar com isso?’ Esse é o típico conselheiro de banco tradicional. E é por isso que ninguém nunca tinha feito isso antes na história do Brasil”, diz Vélez. “Mas a primeira coisa que a Anitta falou foi: ‘Gente, faz todo o sentido do mundo. Vocês não sabem como é importante ter isso para os clientes. Vai aumentar a lealdade, a conexão e a inclusão financeira. Vai mostrar a esse povo o que significa ser um investidor’. Faltava esse ponto de vista. E é isso que a gente queria criar dentro do nosso conselho, essa meritocracia de ideias, essa situação onde diferentes pessoas conseguem trazer diferentes pontos de vista e, no final, conseguem ajudar-nos a tomar as melhores decisões. Isso é um exemplo perfeito das decisões que um conselho mais diverso consegue trazer.” Ou seja, a participação da estrela pop na mais importante instância do Nubank passou longe de ser algo decorativo ou uma ação de marketing.

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