O desempenho das estatais na bolsa nos anos de campanha presidencial
Levantamento mostra que em 2022 mais empresas tiveram as ações com retorno positivo nos anos anteriores
Um levantamento realizado pelo hub independente do mercado financeiro TradeMap a pedido de VEJA mostrou o retorno anual das ações das estatais na bolsa de valores nos anos de disputa à Presidência da República até três dias antes do primeiro turno das eleições. A conclusão é que, em relação aos anos eleitorais desde 2002, o atual é o que possui mais estatais brasileiras com desempenho positivo na bolsa, ou 18 das 27 listagens. Analistas afirmam, porém, que o retorno das empresas é menos influenciado pelas campanhas e mais pela saúde financeira das empresas.
Em primeiro lugar na lista está a Petrobras, com retorno de 54,12% nas ações ordinárias e 53,9% nas preferenciais no final do governo de Jair Bolsonaro (veja quadro). No mesmo período da eleição anterior, em 2018, após o governo Michel Temer, a empresa estava oferecendo um retorno de 57,21%. Já no final do primeiro mandato de Dilma, em 2014, o retorno era de 6,19%, enquanto no final do segundo mandato de Lula, em 2010, era negativo em cerca de 30%. No final do primeiro mandato de Lula, o retorno era positivo em 18,42% e no final do governo de Fernando Henrique Cardoso estava negativo em 10%.
Neste ano, no segundo trimestre de 2022, a petroleira se tornou a maior pagadora de dividendos do mundo ao distribuir 9,7 bilhões de dólares aos acionistas em um ano em que o barril de petróleo tipo Brent ultrapassou os 100 dólares. Na sequência de estatais com maior retorno na bolsa em 2022 vem o Banco do Brasil, com alta de 44,82% nas ações e resultado em linha com os bancos privados do país. Para José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, o bom desempenho não só dessas empresas, mas de todas do levantamento, se deve principalmente ao resultado operacional positivo e ao baixo preço das ações dessas empresas na bolsa nos últimos tempos. “É de esperar que essas ações subam quando as empresas estão com seus negócios saudáveis, despesas não alavancadas, valor atrativo e muita distribuição de dividendos para o acionista. Além disso, independentemente de quem ganhar as eleições, o mercado não espera que o governo vá fazer uma interferência muito grande nas estatais como fez no passado”, diz ele.
Daronco atribui essa conquista à melhora da economia brasileira e ao amadurecimento tanto das empresas quanto do ambiente de negócios brasileiro. “Esse amadurecimento veio da Operação Lava Jato e de todos os problemas que as empresas enfrentaram no passado, com processos judiciais e executivos presos. Sentiu-se a necessidade de mudar internamente os procedimentos de compliance e dos conselhos de administração das empresas. Além disso, a própria legislação trouxe isso com a lei das estatais”, diz ele.