O desapontamento de Haddad com empresas como Shein e Shopee
Em reunião com representantes do mercado têxtil, ministro reclamou da demora das varejistas asiáticas em aderirem ao programa Remessa Conforme
Em reunião realizada nos últimos dias entre representantes do governo e da indústria têxtil nacional, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não poupou críticas às principais empresas que praticam o comércio cross-border. São aderentes dessa modalidade varejistas do comércio eletrônico como AliExpress, Shein e Shopee. Segundo fontes presentes na ocasião, Haddad demonstrou incômodo ao citar que essas empresas demoraram mais que o habitual para aderir ao programa Remessa Conforme, lançado este ano pela equipe de Haddad para regular compras importadas – com gratuidade de importação para compras de até 50 dólares (cerca de 250 reais). Empresários brasileiros ouvidos por VEJA ainda reclamam de falta de isonomia com a medida.
“O ponto principal é que existe falta de isonomia tributária no Brasil. Isso está fazendo com que essas empresas ganhem muito mercado por aqui. O governo reconhece que há um problema e diz que vai resolver”, afirmou uma fonte presente no encontro. “O governo sabe que existe uma injustiça por falta de isonomia tributária e que ele precisa agir. Não é com [uma taxação de] 20% que isso se resolve. Para tornar as coisas equanimes, eles precisam pagar de 60% a 80%, como nós pagamos.”
No encontro, Haddad sinalizou que várias destas varejistas foram contra e demoraram para entrar no Remessa Confome, o que gerou o descontentamento.
Nesta quarta-feira, 8, entidades do setor calçadista entraram com um ofício no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Remessa Conforme. Participam da ação a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal). As federações argumentam que a Fazenda não tem competência para alterar a alíquota do imposto e que a medida fere a isonomia tributária. A Fazenda, por sua vez, vê a medida como uma forma de diminuir a evasão fiscal e aumentar a arrecadação – a estimativa seria atingir cerca de 8 bilhões de reais ao ano.