O colapso de Belém? Impasse entre europeus e árabes pode afundar texto final da COP30
Há uma insatisfação com a estratégia adotada pelo Brasil durante as negociações
Com as negociações para a aprovação de uma declaração final da COP30 se arrastando desde a reabertura da Blue Zone, depois do incêndio ocorrido na quinta-feira, 20, ambientalistas brasileiros e chefes de delegação estrangeiros começam a aventar a possibilidade de que nenhum acordo final seja anunciado nesta Conferência do Clima da ONU.
Segundo uma especialista em negociações sobre mudanças climáticas, o resultado do evento no Brasil pode passar a ser chamado de “Colapso de Belém”, em referência à capital paraense que sedia as conversas.
O maior impasse se dá entre países europeus e a Colômbia, que pressionam pela inclusão no texto final de uma referência a um mapa do caminho para o fim gradual do uso de combustíveis fósseis, de um lado, e nações árabes e grandes exportadores de petróleo, do outro.
“Há um enorme imperativo para garantir que a ambição em mitigação esteja plenamente presente. E não está. E isso é um grande problema. É um problema europeu, é um problema global. E continuamos trabalhando para garantir que possamos impulsionar esse objetivo. O que está na mesa é ter um bom acordo”, diz o holandês Wopke Hoekstra, comissário do Clima da Comissão Europeia.
No início da noite desta sexta-feira, 21, no que deveria ser o último dia da COP30, os negociadores continuam trancados na sala de reuniões de número 22 da Blue Zone. Os europeus ameaçam não aprovar qualquer texto final que exclua sequer a menção ao estabelecimento de um plano para a redução gradual do uso de combustíveis fósseis. Já árabes e países dependentes de petróleo passaram a considerar qualquer citação, ainda que tênue, a esse tema uma linha vermelha que não estão dispostos a transpor.
O ministro do Meio Ambiente de um país europeu disse à VEJA, com a condição de não ser citado, que aparentemente o governo brasileiro cometeu um erro ao incluir a questão do petróleo com palavras tão fortes na primeira versão do rascunho do que vem sendo chamado de Decisão de Mutirão — que, se aprovado, representaria o texto político que amarra, em consenso, os temas mais sensíveis discutidos na conferência. Isso colocou os países petroleiros na defensiva, e tornou mais difícil um entendimento com os europeus.
Na quarta-feira, 19, ainda havia algum otimismo em torno da possibilidade de que os lados opostos da discussão sobre os combustíveis fósseis pudessem ceder de parte a parte para chegar a um texto que todos pudessem aceitar. Mas duas escorregadas por parte do Brasil, que exerce a presidência da COP30, tirou o impulso das conversas. O primeiro teria sido a decisão de continuar as consultas com as partes em vez de levar o assunto para a plenária para uma construção coletiva, segundo avaliação de um negociador estrangeiro em conversa com a reportagem de VEJA.
O segundo foi a ida do presidente Lula ao evento, quando as conversas estavam a pleno vapor. A presença do presidente quebrou o protocolo da hierarquia das negociações e desviou a atenção das conversas. Os árabes teriam ficado especialmente incomodados com a tentativa de carteirada de Lula, que usou a ocasião para mais uma vez defender a criação de um “mapa do caminho” para a transição energética gradual para longe dos combustíveis fósseis.
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