Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Banco Central recua no real digital e entrega terreno às stablecoins privadas

O desligamento da plataforma de testes do Drex marca um recuo do BC e abre caminho para a iniciativa privada

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 nov 2025, 17h09 - Publicado em 6 nov 2025, 16h32

O Banco Central do Brasil (BC) tomou uma decisão que sinaliza o enfraquecimento de uma de suas iniciativas mais ambiciosas desde o Pix: o projeto Drex, a versão digital do real. Na próxima segunda-feira, a autoridade monetária desligará a plataforma utilizada nas duas primeiras fases do piloto, encerrando a experiência com blockchain que vinha sendo testada desde 2020. A decisão foi anunciada em reunião com os consórcios participantes do piloto na terça-feira, 4, e a plataforma será desligada na segunda-feira, 10.

O Drex nasceu com a promessa de democratizar o acesso a serviços financeiros por meio de ativos tokenizados e contratos inteligentes, operando em uma rede baseada na Hyperledger Besu, vinculada ao Ethereum. Entretanto, problemas de privacidade, segurança e escalabilidade atrasaram o projeto, que inicialmente previa operações comerciais ainda em 2024.

O projeto entra agora em uma nova fase, com a expectativa de definir, no primeiro semestre de 2026, uma nova infraestrutura para testar o Drex. A operação, porém, ao que tudo indica, terá aplicação mais restrita, servindo principalmente como garantia em operações financeiras, e não para transações comuns do dia a dia dos cidadãos. Nesse aspecto, o Pix continua sendo mais vantajoso e menos arriscado.

Segundo Fred Amaral, fundador da Lerian, a decisão não representa um abandono da ideia da moeda. O especialista explica que o Drex funciona como um ativo tokenizado, e não como uma moeda digital propriamente dita. Esse ativo tokenizado é especialmente útil como garantia em operações financeiras, em situações que envolvam contratos inteligentes, que funcionam como contratos tradicionais, mas sem a necessidade de intermediários, como bancos ou advogados, porque o próprio código garante que as condições sejam cumpridas.

O recuo também reduz as ambições internacionais do projeto, incluindo uma integração potencial com sistemas de outros países. O presidente Lula tem explanado em seus discursos a vontade de reduzir a dependência do dólar nas transações comerciais, mas esse sonho agora fica mais distante.

Continua após a publicidade

Diferente de Roberto Campos Neto, que impulsionou o Pix como marco de inovação financeira, o atual presidente do BC, Gabriel Galipolo, não tem desenvolvido com tanto foco a agenda digital ou, pelo menos, da mesma forma acelerada como na gestão anterior. O movimento, porém, remete à tendência internacional. Países como os Estados Unidos têm dado espaço para stablecoins privadas, limitando o papel de moedas digitais de banco central (CBDCs) no varejo. O avanço das soluções privadas abre caminho para estruturas tokenizadas fora do controle estatal.

O desligamento da plataforma não significa o fim do Drex, mas representa um reposicionamento pragmático: o BC prioriza segurança e privacidade, em vez de ambições de inovação disruptiva. Para o mercado, resta agora observar se as stablecoins privadas e outras soluções tokenizadas preencherão o vácuo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

O mercado não espera — e você também não pode!
Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.