Número de milionários no Brasil cresce 1,6% em 2024 e chega a 433.000, em 19º lugar no mundo
O Brasil lidera o ranking latino-americano de pessoas com mais de 1 milhão de dólares em patrimônio, mas desigualdade social é a mais alta

O Brasil atingiu a marca de 433.000 pessoas com patrimônio superior a 1 milhão de dólares em 2024 (o equivalente a 5,5 milhões de reais), consolidando-se como líder na América Latina e ocupando a 19ª posição entre 56 países avaliados no ranking global de milionários, segundo o Global Wealth Report do banco suíço UBS. O crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior reflete uma tendência de expansão da riqueza no país em praticamente todas as faixas de renda.
O relatório do UBS destaca que, apesar do aumento no número de milionários, o Brasil também se mantém no topo do ranking de desigualdade de riqueza, com o maior coeficiente de Gini entre 32 países analisados. Esse dado evidencia que a distribuição do patrimônio ainda é bastante concentrada no país.
Além do crescimento entre os mais abastados, a riqueza média por adulto no Brasil (ou seja, os recursos de todos somados e dividios pelo número de pessoas) subiu 6,4% em 2024, enquanto a mediana (o patrimônio da pessoa que se encontra no ponto equidistante entre o mais rico e o mais pobre) avançou 9%, ambos indicadores ajustados pela inflação e em moeda local. Desde o início da década, a média acumulou alta de mais de 23% e a mediana, 28%, mostrando que o enriquecimento da população não se restringe apenas ao topo da pirâmide social.
O estudo também aponta que o Brasil segue um caminho diferente de outros países emergentes, cuja participação na riqueza global permanece estável em torno de 30% desde 2017. O país, ao contrário, continua em expansão, com oportunidades de crescimento impulsionadas por uma economia local resistente e um mercado interno diverso, onde a maior parte dos investimentos dos brasileiros permanece alocada.
Outro destaque do relatório é a previsão de que o Brasil será o terceiro país com maior volume de transferência de riqueza via heranças nas próximas duas décadas, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Estima-se que 9 trilhões de dólares serão transferidos entre gerações e dentro da mesma geração (entre cônjuges, por exemplo), refletindo uma crescente preocupação com o planejamento sucessório e a preservação do patrimônio familiar.
Na avaliação do banco, o amadurecimento na forma como os brasileiros lidam com a sucessão patrimonial tem contribuído para evitar conflitos familiares e garantir uma transição mais estratégica dos ativos entre as gerações. Esse movimento, aliado ao aumento do interesse por diversificação de investimentos internacionais, pode ser determinante para o futuro da riqueza no país.