ASSINE VEJA NEGÓCIOS

‘Não acreditem nessa bobagem da macroeconomia’, diz Lula sobre previsões de mercado

Presidente exalta crescimento econômico em evento da indústria naval no RS, mas ignora a inflação como uma "pedra no sapato" para seus planos

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 fev 2025, 19h35 - Publicado em 24 fev 2025, 15h35

Em uma fala enérgica durante a assinatura de contratos do Programa de Ampliação da Frota da Petrobras e Transpetro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a contestar as previsões macroeconômicas que apontam um cenário de crescimento tímido para o Brasil, de 2% para este ano e 1,7% para o próximo. “Não acreditem nessa bobagem da macroeconomia”, declarou. Como argumento, Lula se referiu às estimativas que previam um crescimento de 1,5% em 2024, enquanto o país superou essa marca, alcançando 3,5%. “E podem se preparar, porque vai crescer ainda mais agora”, assegurou o presidente.

Lula fez referência ao seu histórico no governo, lembrando que, ao deixar a presidência em 2010, o Brasil experimentava um crescimento econômico robusto de 7,5%. Desde então, o crescimento do PIB não voltou a superar a marca de 3% até agora. De fato, o país tem crescido e registra a menor taxa de desemprego na história, ou seja, o país vive o seu período de maior pessoas empregadas. O evento realizado no Rio Grande do Sul simboliza o compromisso do governo em revitalizar a indústria naval brasileira e contribuir ainda mais com a criação de novos empregos. O contrato, estimado em 1,6 bilhão de reais, prevê a construção de quatro navios pela Ecovix, em parceria com a Mac Laren, a serem entregues até 2027. O projeto deverá criar 1.500 empregos diretos, impulsionando o desenvolvimento da região e reativando o Estaleiro Rio Grande, um dos maiores polos industriais do país.

Lula, no entanto, tem ignorado fatores que podem minar seu otimismo. A inflação, que continua acima da meta do Banco Central, pressiona a política monetária. Nesta segunda-feira 23, o Boletim Focus revisou a projeção de inflação de 5,60% para 5,65%. Com a Selic fixada em 13,25%, o mercado já prevê uma taxa terminal de 15% para conter essa escalada. O encarecimento do crédito tende a esfriar o consumo e reduzir os investimentos privados, desacelerando o crescimento econômico — o que, afinal, é justamente o objetivo do BC para conter a inflação.

Lula continuou seu discurso dando ênfase ao projeto de isentar o IR de quem ganha até 5.000. O efeito das políticas de estímulo ao consumo popular é um dos pontos de tensão com os economistas, isso porque essas medidas também geram maior pressão inflacionária. “Quando o povo recebe 1.000 reais, ele não vai comprar dólar ou guardar no banco; ele vai gastar com comida, roupa e outras necessidades. E esse dinheiro vai rodar, gerando produção, emprego, comércio e salários”, afirmou. Além disso, há uma preocupação com o equilíbrio fiscal. Embora Lula defenda que essa medida vai injetar mais dinheiro na economia, os especialistas alertam para o risco de desequilíbrio fiscal, dado que o governo calcula uma perda de 35 bilhões de reais em arrecadação, a ser compensada com a maior taxação de contribuintes de renda alta. “Eu quero ver pouco dinheiro na mão de muitos, e não muito dinheiro na mão de poucos”, disse.

Enquanto o governo promete impulsionar a demanda doméstica, os analistas econômicos veem com preocupação a falta de detalhamento sobre como será gerido o impacto fiscal de medidas como a isenção do IR. Além disso, a relação entre política fiscal expansionista e a necessidade de manter o controle inflacionário ainda não foi suficientemente explicada, gerando uma espécie de “desconexão” entre o otimismo presidencial e o pragmatismo exigido por uma economia global cada vez mais instável.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.