Mercado vê pressão inflacionária maior para este e para o próximo ano
Segundo analistas consultados pelo BC, o IPCA deve encerrar 2024 em 4,62%, estourando o teto da meta. Já para 2025, projeção é de 4,10%, mais próxima do limite
Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central voltaram a subir a projeção da inflação para este ano pela quinta semana consecutiva. Segundo os dados compilados pelo Boletim Focus e divulgados nesta segunda-feira, 11, o IPCA deve encerrar o ano em 4,62%. A perspectiva é 0,03 ponto percentual maior que a da semana passada.
O mercado projeta pressão inflacionária contínua e desancoragem das expectativas. Neste ano, o centro é de 3%, com margem de tolerância de até 4,5%. Para 2025, os analistas também subiram a estimativa de inflação, de 4,03% para 4,10%. A desancoragem da inflação, aliás, é um dos grandes motivos que levaram o BC a iniciar o aumento das taxas de juros. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) ajustou a Selic em 0,5 ponto, levando a taxa para 11,25%. Os analistas consultados pelo Focus preveem mais altas nos juros neste ano, chegando a 11,75%, isto é, mais uma alta de 0,5 ponto. O Copom volta a se reunir em dezembro. Para o próximo ano, é esperada a Selic em 11,5%.
A pressão inflacionária está relacionada tanto ao cenário externo — com a tendência de valorização do dólar após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos — como ao aumento do risco fiscal. Nesta semana, o mercado aguarda detalhes do prometido pacote de corte de gastos do governo, necessário para a sustentabilidade do arcabouço fiscal.
O mercado também voltou a projetar uma alta do dólar, fator relevante para a inflação. No Focus desta semana, os analistas estimam o dólar a 5,55 reais ao fim do ano, 5 centavos a mais do que no relatório da semana passada. A projeção, no entanto, é mais tímida que a cotação atual, que está na casa dos 5,80 reais.
Além da desancoragem inflacionária, o avanço da atividade econômica também é um dos motivos que levaram o BC a começar o ciclo de aperto monetário. Os economistas consultados pelo Focus esperam que o PIB varie 3,10% neste ano, mesma estimativa que na semana passada. A projeção do mercado segue abaixo do esperado pelo Executivo e pelo BC, que é de um avanço de 3,2% para este ano.