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Mercado se divide antes do Copom, e chance de corte menor da Selic cresce

Reunião começou nesta terça-feira e o colegiado anuncia decisão de juros amanhã à noite; taxa atual é de 10,75% ao ano

Por Juliana Machado Atualizado em 8 Maio 2024, 13h54 - Publicado em 7 Maio 2024, 14h56

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) começou nesta terça-feira, 7, e amanhã, no início da noite, o colegiado formado pela diretoria do Banco Central deve anunciar a taxa Selic que vigorará pelos próximos 45 dias. Na véspera da decisão, participantes do mercado de capitais se dividem sobre o futuro da política monetária, com alguns apostando em um corte de 0,25 ponto percentual e outros ainda confiantes em uma redução de 0,50 pp.

Seja qual for a aposta, cresceu entre economistas a possibilidade de que o atual ritmo de cortes da taxa básica de juros diminua, como resultado da piora do cenário internacional e das expectativas de inflação.

Em relatório, o Bank of America Securities (BofA) afirma que o Copom deve reduzir a Selic em 0,25 pp, saindo dos atuais 10,75% ao ano para 10,50%, em decisão unânime. A projeção menos otimista é resultado do cenário internacional mais incerto, em que não se vê cortes de juros nos Estados Unidos e com um câmbio mais depreciado. Além disso, a continuidade de conflitos geopolíticos mantém investidores em modo de fuga do risco, preferindo refúgio em ativos seguros – o que pressiona moedas e mercados emergentes.

“O comunicado deve perder o ‘forward guidance’ [indicação para a próxima decisão de juros] e o comitê deve destacar a dependência de dados”, diz trecho do relatório assinado pelos economistas David Beker e Natacha Perez. “O horizonte para a política monetária deve abandonar 2024 e manter foco somente nas expectativas para 2025.”

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Para o BofA, desde o último encontro do Copom, houve desaceleração da inflação no Brasil em 12 meses, de 4,50% em fevereiro para 3,77% em meados de abril. As expectativas para a inflação caíram ao longo de 2024, mas a inflação implícita registrou aumento, enquanto alguns dados de atividade surpreenderam negativamente, como serviços e produção industrial. Outra preocupação é a agenda fiscal, após a revisão da meta de superávit primário pelo governo para 2025 em diante, o que fez crescer o ruído entre investidores.

Em comentário enviado a clientes, o economista do BTG Pactual Álvaro Frasson destacou a guinada na comunicação do Banco Central, sobretudo após participação do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, em encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, quando expressou sua preocupação com a mudança de humor dos mercados. “Se a intenção era guiar o mercado no ambiente de maior incerteza, o resultado prático foi o aumento da volatilidade na parte curta da curva de juros”, afirma Frasson.

Ainda de acordo com o economista, embora a maior expectativa seja de uma redução de 0,25 pp da Selic amanhã, há espaço para que a decisão não seja consensual entre os diretores do Copom, com probabilidade alta de alguns membros defenderem um corte de 0,50 pp. Em todo caso, será necessário um comunicado mais duro para que o BC consiga “controlar as novas desancoragens da expectativa de inflação”.

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“Deixar a dúvida se haverá um novo corte e ficar ‘data-dependent’ [dependente de dados] para tal movimento deve manter os DIs [contratos de juros futuros negociados na B3] precificando uma Selic terminal em torno de 10% para este ano”, diz Frasson.

Na visão da equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, o corte da Selic de amanhã também deverá vir no patamar de 0,25 pp. Isso porque, apesar da sinalização na última reunião de um próximo corte de 0,50 pp, declarações recentes de Campos Neto sugerem uma mudança nos planos. “Ele demonstrou preocupação com a deterioração do cenário externo, com a alta recente nas expectativas de inflação do boletim Focus [para 2025] e com os riscos fiscais”, afirma o time, em nota.

O C6 diz também que a resiliência dos preços de serviços e os dados fortes de atividade econômica “são um obstáculo para a desaceleração da inflação à frente” no Brasil. Logo, com a persistência da inflação de serviços e a proximidade do fim do ciclo de queda da Selic, o Copom deve deixar o próximo passo da política monetária em aberto. Ainda assim, o C6 trabalha com novos cortes na taxa de juros e projeta uma Selic em 10,25% ao fim de 2024 e 9% em 2025.

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