Mercado reduz a projeção para o PIB e vê inflação e Selic mais altas
Relatório Focus mostra um cenário macroeconômico mais desafiador que nas semanas anteriores e estimam juros a 10% ao fim do ano

Analistas de mercado consultados pelo Banco Central revisaram para baixo as projeções de crescimento para a economia brasileira neste ano. O mercado estima um avanço de 2,05% da economia, 0,04 ponto abaixo dos 2,09% estimados na semana passada.
A revisão do Focus vai na contramão da visão do Ministério da Fazenda, que na semana passada reprojetou para cima a estimativa de crescimento. A Fazenda vê um avanço de 2,5% para este ano, acima dos 2,2% da previsão anterior. As projeções da Fazenda, entretanto, não contemplam os impactos econômicos trazidos pela tragédia do Rio Grande do Sul. Segundo o indicador de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), a atividade avançou 1,08% no primeiro trimestre. O resultado oficial do PIB para o período será divulgado pelo IBGE no começo de junho.
Não foi só a projeção para o PIB de 2024 que piorou. Os analistas veem um cenário mais difícil para a economia como um todo. O IPCA, índice oficial de inflação, deve encerrar o ano em 3,80%, 0,04 ponto acima da projeção da semana passada. A estimativa está acima do centro da meta para este ano, de 3%, mas dentro do limite, que vai até 4,5%.
Os analistas subiram a projeção para os juros pela terceira semana seguida, estimando uma Selic a 10% ao fim deste ano, 0,5 ponto abaixo da taxa vigente atualmente. O mercado reforça a visão de que o fim do ciclo de cortes está próximo e vê apenas alguns ajustes adicionais daqui até o fim do ano. Na semana passada, o mercado estimava a Selic terminal em 9,75%.
Para o câmbio, os analistas consultados pelo BC subiram a estimativa dos 5 reais por dólar na semana passada para 5,04 reais, indicando uma conjuntura externa menos favorável a países emergentes como o Brasil, com os juros altos no Estados Unidos.