Mercado projeta que inflação ficará acima da meta pelo segundo ano seguido
Problema em 2021, preços devem continuar acelerados este ano; na previsão de analistas ouvidos pelo Banco Central, IPCA encerra o ano em 5,09%
A alta dos preços em 2021 foi generalizada na economia brasileira e sentida da conta de luz ao posto de gasolina. Assim, semana a semana os analistas do mercado financeiro aceleravam a previsão da inflação, que fechou o ano passado em 10,06%, mais que o dobro da meta e bem acima da margem de tolerância. O ano mudou, mas o problema persiste. Segundo dado dos Boletim Focus desta segunda-feira, 17, os economistas consultados pelo Banco Central projetam a inflação novamente acima da meta e estourando o teto em 2022.
Os economistas estimam que o IPCA, a inflação oficial do país, encerre o ano em 5,09%. Esta é a primeira revisão para cima neste ano, já que nas duas semanas anteriores o mercado estimava 5,03%. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3,50%, com margem de tolerância limite em 5%.
A expectativa de preços altos ocorre justamente porque fatores que pesaram muito para a inflação em 2021 persistem neste ano. O principal deles é a alta dos preços dos combustíveis. Na semana passada, a Petrobras aumentou em 4,8% o valor da gasolina e 8% no diesel nas refinarias, o primeiro reajuste do ano. Isso tem reflexo nas bombas e acelera o preço tanto para o consumidor final quanto para a cadeia de produção nacional, pressionando o crescimento da economia. Tanto é que, para este ano, os analistas projetam que o PIB cresça apenas 0,29% (ligeiramente acima dos 0,28%) da semana passada. A previsão indica uma economia estagnada. Segundo um estudo da ONU, o Brasil deve ter a terceira pior taxa de crescimento econômico em 2022.
Um dos motivos para o crescimento em patamares pífios é a aceleração da taxa de juros. Resposta a inflação alta, os juros mais altos tem como consequência o encarecimento do crédito tanto para os consumidores quanto para as empresas. No Boletim Focus, os economistas projetam a Selic, taxa básica de juros da economia em 11,75%, mesma projeção de semana passada. Hoje, a Selic está em 9,25%.