Mercado passa a prever inflação de 4% em 2024 e dólar a R$ 5,20
Boletim Focus piora expectativas de inflação tanto para este ano quanto para o próximo. Dólar alto ajuda a pressionar ainda mais os preços

Analistas de mercado consultados pelo Banco Central revisaram pela oitava semana seguida a projeção para a inflação deste ano. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 1º de julho, o IPCA deve encerrar o ano em 4%. O dado é 0,02 ponto percentual maior que na semana passada e 0,12 ponto percentual maior que a estimativa de um mês atrás.
A projeção da inflação se descola do centro da meta para o ano, de 3%, e se aproxima do teto, que vai até 4,5%. Para 2025, quando começa a valer a meta contínua de 3%, o IPCA também mostra expectativas desancoradas: analistas estimam o índice de preços em 3,87%.
As revisões mostram a chamada desancoragem das expectativas. Ou seja, a inflação está mais longe da meta. Com a desancoragem, a autoridade monetária lança mão de uma política mais contracionista, isto é, com juros altos por mais tempo, para tentar levar o índice à meta novamente. O cenário é composto tanto pelas tensões trazidas por falas do presidente Lula, que colocam em dúvida a necessidade de um ajuste fiscal, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento da renda (que eleva o consumo e pressiona a inflação) e as incertezas no mercado internacional.
No Focus desta semana, os participantes do mercado também revisaram para cima a projeção para o câmbio. A estimativa é que a moeda americana encerre 2024 vendida a 5,20 reais. Nas últimas semanas, com a piora do cenário fiscal e as falas de Lula, o dólar disparou e fechou a última semana vendido a 5,59 reais. No ano, a moeda brasileira se desvalorizou 15% frente ao dólar.
O real desvalorizado tem forte influência sobre a inflação, já que commodities agrícolas e de energia são negociadas em dólar.
PIB
Nesta semana, os analistas consultados pelo Banco Central mantiveram a projeção do PIB. Segundo o relatório, a economia brasileira deve crescer 2,09% neste ano. A estimativa é menor que a do governo, que trabalha com um crescimento de 2,5% em 2024.