Após Copom, mercado reduz projeção da inflação para este ano e o próximo
Analistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus estimam crescimento menor, mas IPCA segue acima do teto da meta em 2023
Depois de cinco semanas de aceleração, analistas do mercado financeiro reduziram a projeção da inflação do Brasil para este ano. Segundo dados do Boletim Focus, divulgados nesta segunda-feira, 8, o mercado financeiro estima que o IPCA deve encerrar 2023 em 6,02%, abaixo dos 6,05% projetados na semana passada, mas ainda bem acima do teto da meta de inflação, que vai até 4,75%. Para 2024, o mercado também reduziu a projeção para 4,16%, abaixo dos 4,18% da semana passada.
As projeções do Focus já abarcam a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano pela sexta vez consecutiva. O prolongamento dos juros altos é uma das ferramentas do Banco Central para conter a inflação, que caminha para seu terceiro ano seguido de estouro.
Nesta terça-feira, 9, o BC deve divulgar a ata da reunião do Copom, detalhando a decisão e a visão sobre o comportamento da inflação. No comunicado após a reunião, o comitê sinalizou que deve continuar com a manutenção dos juros. Apesar de fazer um aceno para o Ministério da Fazenda após a divulgação do novo arcabouço fiscal, a autoridade monetária salientou que é preciso esperar a aprovação do projeto e que não há uma relação mecânica entre as novas regras e o processo de desinflação.
O patamar da taxa juros, o maior desde 2016, é o ponto central da tensão do governo federal e o Banco Central. No último sábado, durante a viagem ao Reino Unido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Segundo o petista, o chefe da autarquia não tem “compromisso com o país” ao manter a Selic no patamar de 13,75%. “Ele não tem nenhum compromisso comigo, tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo, que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de juro alto, porque não há outra explicação”, prosseguiu.
De acordo com o Focus, o mercado segue esperando uma redução gradual nos juros para este ano, encerrando 2023 com a Selic em 12,50% e 2024 com 10%.
Para o PIB, o mercado financeiro manteve a projeção de crescimento de 1% para este ano. Há um mês, a estimativa era de 0,9%. Diversos agentes financeiros revisaram as projeções após a divulgação do índice de atividade econômica do país em fevereiro, que surpreendeu ao crescer na casa de 3%. Já para 2024, os analistas reduziram ligeiramente a produção, passando de 1,41% na semana passada para 1,40% nesta.