Mercado aumenta projeção da inflação e da Selic em 2023
Boletim Focus estima juros em 11,5% no ano que vem, reflexo do aumento do risco fiscal decorrente da PEC da Transição e dos discursos de Lula

Como consequência da percepção do aumento do risco fiscal decorrente principalmente da PEC da Transição, o mercado reviu em 0,25 ponto percentual para cima a projeção da Selic ao término de 2023, para 11,50%. O aumento dos juros reflete também as declarações do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva sobre priorizar o social à frente do fiscal, como mostrou reportagem de capa da última edição de VEJA.
“Todos esses sinais que têm sido emitidos nos últimos dias sugerem um risco fiscal muito elevado. A percepção de risco tem crescido e isso está mudando e mexendo na precificação dos ativos”, diz Silvio Campos Neto, sócio da consultoria Tendências. “A defesa de um modelo baseado em gasto público coloca mais pressão sobre Banco Central”, diz ele.
As estimativas foram publicadas no Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 21. Além da alta de juros, há um aumento da projeção da inflação para 2023, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,94% na semana passada para 5,01% nesta edição da pesquisa. Há quatro semanas, a projeção se mantinha em 4,94%. Já, para o fim deste ano, a estimativa da inflação foi elevada de 5,82% para 5,88%, ante 5,60% há quatro semanas atrás.
Na esteira da piora dos indicadores econômicos, o câmbio também foi revisado para cima após um longo período de estabilidade na pesquisa com o mercado, de 5,20 reais para 5,24 reais até o final de 2023, e de 5,20 reais para 5,25 reais até o final de 2022.
Crescimento
O mercado também projetou uma estabilidade no crescimento do PIB para 2023 ante a semana passada, de 0,70%. Já há um mês atrás a projeção era de 0,63%. Para 2022, houve nova estimativa de crescimento do PIB, de 2,77% para 2,80%, ante 2,76% há quatro semanas atrás.