Mais da metade dos lares do Brasil tem carro ou moto, aponta Ipea
Estudo retrata a mudança do perfil de mobilidade da população brasileira, cada vez mais estruturado no uso de veículos privados
Mais da metade dos domicílios brasileiros, 54%, dispõe de automóveis ou motocicletas para deslocamentos de seus moradores. O dado consta do Comunicado Indicadores de Mobilidade Urbana da PNAD 2012, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira. Segundo o documento, o número retrata a mudança do perfil de mobilidade da população brasileira, cada vez mais estruturado no uso de veículos privados. “De 2008 para 2012, por exemplo, o porcentual de domicílios que possuía automóvel ou motocicleta subiu nove pontos porcentuais (45% em 2008 para 54% de posse em 2012), sendo que as motocicletas tiveram o maior incremento no período”, diz o comunicado.
O estudo destaca os prós e contras do aumento do uso de veículos próprios. Se, por um lado, esse dado indica que a população, incluindo os segmentos de menor renda, está tendo acesso a esse bem durável, por outro, aumentam os desafios para os gestores dos sistemas de mobilidade. O Ipea aponta que prefeituras e governos terão de trabalhar para desenvolver políticas públicas em função da maior taxa de motorização da população brasileira, que pode causar a degradação das condições de mobilidade de todos (maior poluição, acidentes e congestionamentos).
Os desafios se ampliam tendo em vista que uma grande parte da população (46%) ainda não tem veículos privados à disposição. “O que indica uma possível piora das externalidades negativas do transporte individual nos grandes centros urbanos, principalmente nas regiões com menor porcentual de motorização (Norte e Nordeste), nos próximos anos”, destaca o comunicado.
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Santa Catarina (com 74,3%), Paraná (67,7%) e Distrito Federal (64,1%) são os estados com mais veículos por domicílio.
Mobilidade – Com relação ao tempo de deslocamento de casa para o trabalho, o estudo aponta que grande parte da população (66%) gasta até trinta minutos no percurso diariamente. A tendência é de piora em função do crescente aumento da taxa de motorização da população, o que demandará grande investimento dos governos nas próximas décadas.
O trabalho mostrou ainda que as políticas de auxílio ao transporte, como o vale-transporte, atingem pouco as classes sociais mais baixas. “Os dados apontam também para a necessidade de se criar novas políticas públicas que venham a beneficiar os deslocamentos das pessoas com maior vulnerabilidade socioeconômica”, destaca o texto.
(com Estadão Conteúdo)