Limão lidera o ranking dos alimentos que mais caíram de preço no início de janeiro
Alguns produtos ajudaram o IPCA-15 de janeiro a não decepcionar ainda mais os analistas, que esperavam deflação da prévia da inflação oficial

Com uma queda de 26%, o limão foi o alimento que mais baixou de preço na primeira quinzena de janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o IPCA-15 do mês, considerado a prévia da inflação oficial. A alta de 0,11% do índice marcou uma desaceleração sobre o 0,34% de dezembro, mas insuficiente para contentar o mercado. Isto, porque os economistas projetavam uma leve deflação de 0,01% – comportamento, portanto, oposto ao verificado.
Enquanto a abobrinha foi a campeão disparada de alta, com um salto de 22%, o limão e outros produtos impediram que o resultado geral fosse ainda pior. O abacate ficou em segundo lugar, com queda de 15%, e a batata-inglesa completa o pódio com recuo de 14%.
Alimento | Queda em janeiro (em %) |
Limão | -26% |
Abacate | -15,1% |
Batata-inglesa | -14,1% |
Melão | -6,3% |
Peixe-palombeta | -5,8% |
Peito de frango | -5,4% |
Banana-maçã | -4,5% |
Laranja-lima | -3,6% |
Leite condensado | -2,4% |
Couve-flor | -2% |
O peso dos alimentos no IPCA-15 joga ainda mais pressão sobre Lula e a equipe econômica. Nesta semana, o governo iniciou uma mobilização para estudar medidas para conter a inflação dos alimentos. Nesta sexta-feira 24, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente e outros ministros se reúnem para avaliar sugestões.
O caso já causou faíscas na comunicação de Brasília, após o chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmar que o governo estudava “intervenções” para conter os preços. A declaração gerou péssimas repercussões, já que o termo é associado às medidas desastrosas de governos passados que, nos anos 1980 e 1990, tentaram segurar a alta dos alimentos com medidas heterodoxas, como o congelamento e o tabelamento de preços. A reação levou Costa a afirmar, horas depois, que havia se expressado mal e, para encerrar a polêmica, estava trocando a palavra “intervenção” por “medidas”.
Ontem, Haddad também veio a público parar desmentir boatos de que o governo pode usar medidas fiscais, como isenções e subsídios, para baratear os alimentos. Haddad atribuiu os rumores a operadores de mercado descontentes com a recente queda do dólar e que esperavam que o boato voltasse a pressionar o câmbio, já que a disparada da moeda americana em 2024 deveu-se, em grande parte, à desconfiança dos investidores de que Lula não estaria comprometido, de fato, com o controle fiscal.