ASSINE VEJA NEGÓCIOS

‘Licença para gastar’ de Guedes estressa dólar e é desafio para inflação

Rompimento do teto de gastos eleva moeda americana e curva de juros futuros; cenário traz desafio para manter inflação sob controle

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 out 2021, 12h19 - Publicado em 21 out 2021, 12h02

As expectativas de melhora no cenário fiscal foram completamente por água abaixo após o ministro da Economia, Paulo Guedes, pedir “licença para gastar” para pagar o novo Bolsa Família, rompendo o teto de gastos.

O teto de gastos é o principal monitor da saúde financeira do Brasil e, nos últimos, os riscos envoltos na possibilidade desse rompimento eram um dos principais fatores apontados por especialistas do mercado financeiro para o mal desempenho da Bolsa Brasileira, a B3, e a alta do dólar.

Por volta do meio-dia desta quinta-feira, o dólar estava cotado a 5,63 reais, alta de 1,33%. A bolsa que fechou ontem a 110.786 pontos, alta de 0,10%, amanheceu hoje em queda. Antes da abertura, às 9h, o Ibovespa operava a 109.250 pontos, perto do meio-dia, operava na casa dos 108 mil pontos, com queda de quase 2%.

Na avaliação dos especialistas ouvidos por VEJA, os ativos mais impactados pela notícia serão o dólar, que será puxado para cima, e a curva de juros futuros (contratos DI), que já chega a 12% em 2031. A bolsa também deve sentir os impactos, mas em menor grau. “A nossa bolsa já está em patamares baixos, o Ibovespa em dólar é a pior bolsa do mundo. Apesar de pesar negativamente, ela já está extremamente combalida e barata”, avalia Flavio de Oliveira, head de Renda Variável da Zahl Investimentos.

O teto de gastos, criado em 2016, é um instrumento que visa limitar que as despesas do governam cresçam mais do que a inflação, evitando também o aumento da dívida pública. Mas um descontrole nessa conta pode levar o Brasil a juros mais altos, inflação e aumento de impostos. Guedes sempre foi um defensor do teto dos gastos, mas admitiu a necessidade de romper em 30 bilhões o teto para viabilizar o Auxílio Brasil, programa que substitui o Bolsa Família, no valor de 400 reais.

Continua após a publicidade

Se antes o mercado tinha alguma esperança de melhora fiscal pela postura de Guedes sempre tentando controlar esse risco, agora a mudança de postura do ministro coloca em dúvida o futuro fiscal do país. “Ontem aparentemente ele jogou a toalha e tirou o time de campo na responsabilidade de conter esse aumento”, diz Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos.

A preocupação reside também no aumento dos juros futuros. “Essa movimentação para cima na curva dos juros futuros dificulta ainda mais o trabalho do Banco Central de manter a inflação sob controle. É possível que o BC tenha que aumentar por mais tempo a taxa de juros para trazer o IPCA para dentro do centro da meta”, diz Paulo Duarte, economista-chefe da Valor Investimentos.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.