Japão entra em recessão técnica e perde o posto de 3ª maior economia
Pais registrou segundo trimestre seguido de retração no PIB. Alemanha agora ocupa o top 3 global, atrás de Estados Unidos e China

O governo japonês divulgou nesta quinta-feira, 15, dados que pegaram o mercado de surpresa: o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão caiu 0,4% em uma taxa anualizada no período de outubro a dezembro do ano passado, contrariando as expectativas do mercado que previam um aumento de entre 1,1% a 1,4%. Esta contração representa o segundo trimestre consecutivo de queda, indicando que o país entrou em recessão.
Com esse resultado, a economia japonesa registrou um crescimento anual de 1,9% em 2023, perdendo assim sua posição como a terceira maior economia mundial para a Alemanha. O PIB nominal japonês atingiu 4,21 trilhões de dólares em 2023, abaixo dos 4,46 trilhões de dólares da Alemanha. Um dos motivos é a queda no consumo, que representa mais da metade da atividade econômica japonesa e registrou retração de 0,2%.
Essa desaceleração econômica reflete desafios estruturais persistentes enfrentados pelo Japão, desde a crise da década de 1990, marcada pelo estouro da bolha imobiliária. Desde então, o país lutou para se recuperar, registrando um crescimento estagnado em torno de 0,7%. A demografia envelhecida é outro obstáculo significativo ao crescimento, com uma queda na população em idade economicamente ativa, aumentando os encargos do estado com assistência médica e previdência social.
O Banco do Japão tem mantido uma política monetária de juros negativos, o que contribuiu para a desvalorização do iene e afetou sua posição global. No entanto, a recente desvalorização da moeda japonesa levantou discussões sobre uma possível mudança na política monetária do país, especialmente com a elevação das taxas de juros pelos bancos centrais dos EUA e Europa.
Nos últimos dias, a desvalorização do iene se aprofundou após a divulgação da inflação nos EUA vir acima do esperado, reduzindo as expectativas de um corte nas taxas pelo banco central americano, o Federal Reserve, o que apoia o aperto monetário no Japão. Além disso, a inflação tem permanecido acima da meta de 2% do Banco do Japão desde abril de 2022, fornecendo mais suporte para um aumento das taxas de juros. Os analistas agora esperam que o presidente do banco central do Japão, Kazuo Ueda, implemente aumentos nas taxas de juros em março ou abril.