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Irmãs de Abílio podem vender todas as suas ações

Lucília e Sônia Diniz avaliam a possibilidade de se desfazer de sua participação no grupo, estimada em 4%. Casino coloca-se como potencial comprador

Por Ana Clara Costa e Beatriz Ferrari
6 jul 2011, 18h45

O conflito societário entre o Grupo Pão de Açúcar e o varejista francês Casino tem gerado desdobramentos nada agradáveis dentro da família Diniz. Desentendimentos não são bem uma novidade entre Abílio e seus irmãos. Desde os anos 80, há discussões sobre participações acionárias e mesmo sobre os rumos do negócio. No entanto, no atual contexto, as brigas podem ter um beneficiário: o Casino.

Ocorre que as irmãs de Abílio, Lucília e Sônia Diniz, que não fazem parte da Península Participações (empresa que representa o clã e que integra o bloco de controle do Pão de Açúcar), têm vendido fatias de sua participação na empresa ao longo do último ano. O site de VEJA apurou que elas avaliavam a possibilidade de vender todas as suas ações antes da proposta de fusão com o Carrefour vir a público. Estimativas de analistas dão conta de que ambas possuem, juntas, cerca de 4% do grupo. Como a participação acionária das irmãs integra o free float do grupo, ou seja, as ações negociadas em bolsa de valores, o Casino configura-se como o principal interessado em comprá-las.

Na última semana, o varejista francês aumentou sua participação no Pão de Açúcar para 43,1% do capital total ao comprar dois grandes lotes de aproximadamente 2 milhões de ações. O investimento total na compra foi de 1,1 bilhão de dólares. Como a aquisição foi feita em bolsa, e não diretamente de um determinado acionista, não é possível determinar quem é o vendedor. No entanto, não se trata de um vendedor comum. “Só um investidor com uma grande participação poderia ter vendido tantas ações, como uma das irmãs de Abílio ou um grande fundo de investimento”, explica uma fonte do mercado financeiro.

Fontes ligadas ao grupo francês e à família Diniz afirmam que, neste momento, ao menos Lucília está articulando, com a assessoria do banco Itaú BBA, a venda da totalidade de suas ações na varejista. Procuradas, Lucília e Sônia não se manifestaram sobre o assunto.

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As brigas de Abilio e Lucilia – Entre as disputas praticamente públicas dos dois irmãos, uma das mais proeminentes é a que envolve a marca Goodlight, linha de alimentos de baixa caloria criada por Lucilia para ser comercializada na rede de supermercados da família. Em 2006, Abilio Diniz resolveu criar a Taeq – com a mesma proposta da Goodlight – também para preencher as prateleiras da rede. A concorrência direta gerou atrito entre os irmãos e Lucilia acabou deixando a rede. Em 2008, a empresária levou sua marca para a Nestlé, que passou a vendê-la como linha de alimentos light da marca Maggi.

Outra grande disputa envolveu a criação da holding Consistência, que passou a cuidar da gestão do Pão de Açúcar. Abílio havia convencido o pai, Valetim Diniz, a incluir no contrato de criação da empresa uma cláusula que lhe daria o controle da empresa, com 51% do capital social. O empresário só assumiria tal condição com a morte de Valetim. Tão logo descobriram a condição, os irmãos foram à Justiça para impedir que o filho mais velho, Abílio, conquistasse tanto poder dentro do grupo. Até a mãe se envolveu, argumentando que ele havia ‘coagido mentalmente’ seu marido.

Arbitragem pode afetar família – Os atritos familiares poderão se intensificar se as ações movidas pelo Casino na Câmara Internacional de Arbitragem forem julgadas em favor do varejista francês. Segundo fontes próximas à operação, caso o Casino ganhe, a família Diniz será condenada a pagar uma indenização por perdas e danos de valor ainda não definido – mas que deverá afetar de maneira importante o patrimônio. Entre os membros que poderão sofrer perdas, não estão as irmãs Lucilia e Sonia, mas sim os quatro filhos de Abilio Diniz – Ana Maria, Adriana, João Paulo e Pedro Paulo – e a holding familiar de Abilio, a Península Participações. “As ações colocam o patrimônio em risco e, caso o Casino vença, os membros do grupo AD (Grupo Abilio Diniz) [do qual as irmãs também não fazem parte] serão responsabilizados”, afirmou ao site de VEJA uma fonte ligada à operação.

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