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IPCA de abril reforça pressão inflacionária e sustenta Selic em 14,75%, dizem especialistas

Resultado foi o mais alto para o mês desde 2023 e Banco Central deve manter a cautela diante do risco persistente

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2025, 13h15 - Publicado em 9 Maio 2025, 12h22

O resultado da inflação oficial do país em abril, divulgado nesta sexta-feira, 9,  indicando crescimento de 0,43% no mês, justifica a alta dos juros feita nesta semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom), na análise de especialistas consultados por VEJA. A avaliação é que o Banco Central deve manter a cautela diante do risco inflacionário persistente. No acumulado de 12 meses o IPCA avançou 5,53%, mantendo-se acima, portanto, do limite de tolerância da meta de 3%, que é 4,5%.

 “A inflação de abril confirma um cenário desafiador para o Banco Central”, diz Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos. “A recente elevação da Selic para 14,75% reforça o esforço para tentar conter as pressões persistentes, especialmente nos grupos de alimentação e saúde. No entanto, os efeitos da política monetária ainda não foram suficientes para quebrar a rigidez dos preços.”

Entre os vetores de alta, o grupo de alimentação e bebidas segue como destaque. “Ainda há pressão vinda dos alimentos, o que já era esperado, assim como o reajuste de medicamentos que normalmente ocorre nessa época do ano”, diz Patricia Krause, economista-chefe para América Latina da Coface. “Esses fatores mantêm a inflação em patamares elevados, mas dentro do que já se previa.”

Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, diz que ainda que haja desaceleração, o resultado de abril é o mais alto para o mês desde 2023. Na análise da economista, os núcleos da inflação justificam a decisão do Copom desta semana: “Quando olhamos os núcleos da inflação e as variações em 12 meses, isso ajuda a justificar a postura do Banco Central de ter elevado a Selic. Claro que o BC olha principalmente para as projeções, e não apenas para os números correntes, mas os números atuais são importantes.”

A economista também aponta que o mercado pode ajustar suas estimativas para a inflação do fim do ano. “Devemos ver uma correção para cima no  Boletim Focus da próxima segunda-feira, mas nada muito intenso — talvez apenas um ajuste residual.  Já as projeções para a Selic não devem se alterar.” Nesta semana, economistas e analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central reduziram as projeções para a inflação e Selic em 2025. A estimativa para a taxa de juros caiu de 15% para 14,75%, após 15 semanas. A expectativa do mercado, segundo o Focus da segunda-feira, 5, é de que a inflação feche 2025 em 5,53%.

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No comunicado pós-Copom, o BC destacou a necessidade de “cautela adicional na atuação da política monetária”, trecho que foi ressaltado por Patricia Krause: “O nosso cenário continua sendo de Selic a 14,75%, com o ciclo de ajuste já em estágio avançado”.

Segundo Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, a alta da Selic e o IPCA devem ser lidos em conjunto. “Ainda que tenhamos observado essa desaceleração na comparação mensal, há uma aceleração na comparação anual”, afirmou. “Isso vai em linha com o que a gente tem falado, de que o IPCA deve ir até o início do segundo semestre alcançando 6% em 12 meses.” Ele acrescenta que “a média dos núcleos, serviços subjacentes e alimentos subiram menos, uma boa notícia, mas também não é panaceia”, justificando uma postura mais dura do Banco Central.

André Matos, CEO da MA7 Negócios, a elevação dos juros reflete a tentativa do BC de conter o descontrole inflacionário. “O resultado do IPCA de abril mostra que a inflação segue fora da meta pelo quarto mês consecutivo, atingindo 5,53% no acumulado em 12 meses. O aumento da Selic para 14,75% é uma resposta direta à perda de controle inflacionário, principalmente diante da pressão em itens essenciais.”

O consenso entre os analistas é de que, diante do quadro atual, a autoridade monetária tende a manter a taxa elevada por mais tempo, à espera de sinais mais firmes de desinflação. “Provavelmente já tenhamos encerrado o ciclo de aperto monetário, e se por ventura houver uma alta será residual de 25 pontos na próxima reunião — e olhe lá, nem isso”, diz Spiess.

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