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IPCA aumenta apostas de elevação de 1 ponto percentual na taxa Selic

Inflação anual subiu para 4,87%, a maior desde outubro de 2023. Desancoragem e piora nas condições econômicas levam mercado a projetar juros a 15%

Por Luana Zanobia Atualizado em 10 dez 2024, 11h25 - Publicado em 10 dez 2024, 10h58

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,39% em novembro, superando as expectativas do mercado de 0,37%, levando a inflação anual para 4,87%, a maior desde outubro de 2023. O número ultrapassa o teto da meta de inflação, estabelecido em 4,5%, pelo segundo mês consecutivo.

A pressão inflacionária tem sido impulsionada, em grande parte, pelos setores de alimentação e transportes, que, em conjunto, puxaram o índice para cima.

O IPCA acumulado nos últimos 12 meses começou o ano em 4,51%, já sinalizando uma trajetória ascendente, como observa Bruno Piacentini, economista da Eu me banco. Ele destaca que, desde o início de 2024, havia indícios de que o Brasil enfrentaria dificuldades em manter a inflação dentro da meta de 3%.

Ao observar a média móvel de três meses, ajustada sazonalmente, os sinais de deterioração na qualidade da inflação são evidentes. A média dos núcleos inflacionários se aproxima de 4,3%, enquanto os serviços subjacentes dispararam para 6,3%. O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, vê esses números como um indicativo claro de que o Banco Central (BCB) deve intensificar a política monetária, com uma possível elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Embora a alta esperada fosse de 0,75 ponto, a piora no câmbio e a desancoragem das expectativas reforçam a probabilidade de uma postura mais agressiva por parte do colegiado. O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, compartilha da mesma visão.

“A dinâmica do IPCA foi ruim, principalmente, para os grupos mais observados pelo Banco Central”, avalia Sung, que vê agora com maior probabilidade uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic nessa última reunião do ano.

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Outro ponto de preocupação é o impacto do mercado de trabalho sobre a inflação. O Brasil vem registrando taxas historicamente baixas de desemprego, atualmente em 6,2%. Se por um lado isso reflete uma recuperação robusta da economia, por outro, intensifica a pressão sobre os preços, especialmente no setor de serviços, que é intensivo em mão de obra. Com um mercado de trabalho aquecido, os custos laborais tendem a ser repassados ao consumidor, o que complica ainda mais o cenário inflacionário.

Além disso, a desvalorização cambial tem amplificado os desafios inflacionários. O dólar já superou a marca de R$ 6, impactando diretamente os preços de bens importados e de insumos industriais. Em um cenário de fuga de capitais, a falta de confiança dos investidores nas políticas fiscais do governo tem agravado esse movimento. A política fiscal expansionista, percebida como descontrolada por analistas, tem levado a um descrédito crescente entre os investidores. “O governo dá sinais de que não está comprometido com o ajuste fiscal, o que gera um ambiente de incerteza que afasta capitais e pressiona o câmbio”, observa Piacentini.

A consequência disso é uma inflação importada. Os custos mais altos dos produtos importados e dos insumos industriais pressionam os preços internos, em um ciclo que pode perpetuar a alta inflacionária. Se os sinais já apontam para uma elevação da taxa Selic para 12,25% até o final do ano, o mercado começa a precificar uma curva de juros ainda mais longa, com expectativas de que a Selic possa chegar a 15% no próximo ano.

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