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Inflação oficial fecha 2021 em 10,06%, a maior alta anual desde 2015

Índice fica acima dos dois dígitos pela primeira vez em seis anos; combustíveis, contas de energia e alimentos ficaram mais caros e mostram alta disseminada

Por Larissa Quintino Atualizado em 11 jan 2022, 20h56 - Publicado em 11 jan 2022, 09h04

Durante o ano de 2021, o brasileiro — seja ele pessoa física ou pessoa jurídica — precisou lidar com a inflação. A alta dos preços disseminada na economia não foi passageira, como projetada pelo governo e pelo Banco Central em meio à pressão crescente no início do ano, e tornou-se persistente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano em 10,06%. O valor é o maior desde 2015, quando a inflação oficial fechou o ano em 10,67%.

A pressão inflacionária teve, durante 2021, produtos se alternando como “vilões” dos preços, causando um acúmulo geral. O ano começou com alimentos mais caros, vindo da pressão de 2020 com a alteração da demanda. Quando eles desaceleraram, o combustível passou a ficar mais caro, devido ao aumento dos preços no mercado externo, assim como também devido à alta dólar durante o período. Com a falta de chuvas em 2021, então foi a vez da conta de luz tomar o lugar de item com mais peso para as altas. As cobranças tarifárias ficaram mais caras, com o governo tendo criado até uma bandeira nova de preço mais alto, a de escassez hídrica. Enquanto os itens se alternavam ficando mais caros, os outros não necessariamente ficavam mais baratos, criando pressão em todo o sistema de preços do país, o que refletiu no orçamento das famílias.

Segundo o IBGE, o grupo de Transportes — no qual é medido o combustível — subiu 21,03% no ano; em seguida ficou habitação, com alta de 13,05%, e depois alimentação e bebidas, que acelerou 7,94%. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 79% do IPCA de 2021. A gasolina, por exemplo, acelerou 47,49% no ano e o etanol subiu 62,23%. Outro destaque nos Transportes foi o preço dos automóveis novos (16,16%) e usados (15,05%). “Esse aumento se explica pelo desarranjo na cadeia produtiva do setor automotivo. Houve uma retomada na demanda global que a oferta não conseguiu suprir, ocorrendo, por exemplo, atrasos nas entregas de peças e, às vezes do próprio automóvel”, contextualiza Pedro Kislanov, gerente do IPCA. 

No grupo de habitação, além da alta de 21% na conta de luz, o gás de botijão acelerou 36,99%, tendo subido todos os meses do ano.  No caso dos alimentos, o cafezinho ficou mais caro, já que o café moído acelerou 50,24% e o açúcar refinado subiu 47,89%. A alta do café ocorreu principalmente no segundo semestre, pois a produção foi prejudicada pelas geadas no inverno. Já o preço do açúcar foi influenciado por uma oferta menor e pela competição pela matéria prima para a produção do etanol”, afirma o gerente do IPCA.

Explicações

O IPCA de 2021 ficou em mais que o dobro da meta, estipulada em 3,75% pelo Conselho Monetário Nacional e também estourou muito o teto da meta, definida em 5,25%. Com a explosão da inflação, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve divulgar nesta semana uma carta endereçada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para explicar porque a inflação fechou acima da meta. A justificativa é uma regra que obriga o BC a dar explicações no caso de falha ao cumprir a meta. A primeira foi escrita por Armínio Fraga, em 2001. A carta também foi entregue nos anos de  2002, 2003, 2015 e 2018. No caso de 2018, o texto assinado por Ilan Goldfajn precisou justificar porque a inflação ficou em 2,95%, muito abaixo da meta, de 4,5%.

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