Inflação nos EUA aumenta expectativas sobre Fed em meio a crise bancária
O índice de preços ao consumidor (CPI) marcou 0,4% em fevereiro, com taxa anual de 6%

A inflação dos Estados Unidos aumentou em fevereiro, mas permaneceu de acordo com as expectativas, o que é significativo para o banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed) e suas decisões sobre as taxas de juros. O índice de preços ao consumidor (CPI) ficou em 0,4% no mês, resultando em uma taxa de inflação anual de 6%, em linha com o consenso do mercado. O indicador aponta leve desaceleração em relação a janeiro, quando marcou avanço de 0,5% e taxa anual de 6,3%.
O núcleo de inflação teve um aumento de 0,5% e, no acumulado dos 12 meses, se encontra em 5,5% – estável em relação aos dados do mês anterior. “Quando olhamos alguns grupos como os preços de energia e alimentos, vemos uma desaceleração nos últimos 12 meses. Mas, os preços de moradia e aluguéis, além de serviços, voltaram a subir. Este último tem gerado preocupação na autoridade monetária”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research .
O CPI é uma medida importante utilizada pelo Fed para formular sua política monetária. O relatório, juntamente com o índice de preços ao produtor a ser divulgado na quarta-feira, serão os últimos dados relacionados à inflação disponíveis antes da reunião de 21 a 22 de março.
Antes do anúncio, os mercados esperavam amplamente que o Federal Reserve aumentasse a taxa em apenas 0,25 pontos percentuais. A recente turbulência no setor bancário levantou especulações de que o banco central poderia sinalizar que está prestes a encerrar o ciclo de aumento de juros, dado o impacto das medidas anteriores de aperto monetário, apesar das declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre possíveis aumentos de taxa. “Ainda temos inflação bem distante da meta de 2% e com caminho ainda turbulento para convergir para a meta. O risco é deixar o evento do SVB contaminar a expectativa e isso provocar mais adiante a necessidade de fazer elevações mais agressivas para segurar a inflação. Esse evento está influenciando muito a expectativa e pode provocar distorção e decisão precipitada”, avalia Gustavo Cruz, Estrategista Chefe da RB Investimentos.
Na manhã desta terça-feira, o mercado precificou uma taxa de pico em torno de 4,92%, o que significa que o próximo aumento de juros seria o último. No entanto, a inflação persistente pode mudar as expectativas. Para Sung, a situação do Federal Reserve é complexa e que ainda é cedo para compreender completamente os problemas relacionados ao SVB e seu impacto no sistema financeiro dos Estados Unidos. Ele ressalta que a luta contra a inflação continua e não é apropriado afrouxar a postura do banco central neste momento