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Inflação menor no Brasil? Dados mostram que realidade é mais complexa

A inflação brasileira é menor que a dos EUA e Europa, mas ainda é maior na comparação com a inflação de núcleo, que são consideradas mais precisas

Por Luana Zanobia Atualizado em 17 mar 2023, 00h02 - Publicado em 16 mar 2023, 15h21

No ano passado, a inflação no Brasil ficou abaixo da americana e da zona do euro pela primeira vez. Isso aumentou a pressão sobre o Banco Central brasileiro para reduzir as taxas de juros. No entanto, uma análise mais aprofundada mostra que o núcleo da inflação no Brasil, que exclui itens como alimentos e combustíveis, tem sido mais alta do que a desses países . 

Em setembro de 2022, a inflação brasileira cheia foi menor do que a dos Estados Unidos, mas a inflação de núcleo brasileira ainda era mais alta, e esse cenário continua. A inflação brasileira registrou alta acumulada de 5,60%, a americana de 6% e a Europa de 8,6% em fevereiro. Embora o diferencial entre as taxas de inflação tenha diminuído, ele ainda é significativa quando se compara as medidas de núcleo. Enquanto o núcleo da inflação nos Estados Unidos é de 5,5% e a da zona do euro de 5,6%, a brasileira está em torno de 8,44%. O cálculo considera a média dos cinco núcleos do IPCA monitorados pelo Banco Central, realizado pela Armor Capital. É importante observar que as medidas de núcleo são consideradas mais precisas, já que excluem itens voláteis, como alimentos e energia, sobre os quais os bancos centrais têm menos controle.

O Brasil é conhecido historicamente por apresentar níveis de inflação mais altos do que a média dos países desenvolvidos, em parte devido à meta de inflação ser superior à dos demais países, além de causas históricas. Enquanto a meta de inflação atual do Brasil é de 3%, a meta dos países desenvolvidos é de 2%. Como resultado, é natural que o núcleo de inflação brasileiro seja mais elevado do que o núcleo americano e europeu, por exemplo. Recentemente, o país conseguiu reduzir sua taxa de inflação de forma mais rápida, principalmente devido a medidas artificiais de desoneração nos combustíveis aplicada pela gestão anterior.

No entanto, especialistas entrevistados por VEJA afirmam que o núcleo da inflação brasileira continua elevado, devido à inércia inflacionária e à atividade econômica ainda aquecida. “Embora a atividade econômica brasileira ainda não esteja em contração, é provável que haja uma desaceleração no segundo trimestre, causada pelo encarecimento do crédito”, diz Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.

Apesar da pressão sobre os serviços no Brasil continuar significativa, economistas concordam que o país está passando por um processo de desinflação. A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, afirma que esse processo já está em andamento, especialmente ao considerar o processo desinflacionário do núcleo nos últimos três meses, que caiu de 9,37% para 8,73% em janeiro e para 8,44% em fevereiro. “A inflação brasileira, inclusive a de serviços, vem desacelerando. Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, onde a inflação de serviços ainda está em alta, o Brasil vem registrando uma diminuição de força dos serviços desde o segundo semestre do ano passado, o que se reflete na desaceleração do núcleo”, diz. No entanto, esse processo pode ser mais lento devido ao reajuste real do salário mínimo e à possibilidade de aumento dos programas sociais, como o Bolsa Família.

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