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Inflação dos núcleos acelera e sustenta decisão do BC de manter a Selic

Os núcleos, que excluem itens voláteis como alimentos e energia, avançaram 0,34%, superando a alta de 0,31% em maio

Por Luana Zanobia Atualizado em 26 jun 2024, 11h33 - Publicado em 26 jun 2024, 11h30

O IPCA-15 de junho, considerado a prévia da inflação, registrou alta de 0,39%, ficando abaixo das expectativas do mercado, que projetava uma elevação de 0,43%. Este resultado inicial poderia sugerir um cenário de desaceleração inflacionária, não fosse a aceleração nos núcleos da inflação que podem influenciar a política monetária nos próximos meses.

Os núcleos da inflação, que excluem itens voláteis como alimentos e energia, avançaram 0,34% na margem, superando a alta de 0,31% observada em maio. Este movimento é particularmente destacado nos serviços intensivos em trabalho, cujo núcleo registrou um aumento de 0,40%, refletindo pressões contínuas nos preços de serviços essenciais. “Apesar da redução da inflação em 12 meses, a inflação deste grupo permanece acima do patamar compatível com a meta de 3,0%, reforçando a cautela do BC na condução da taxa de juros”, destaca Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo.

Boa parte dos núcleos tem oscilado próximo à meta de 3,0% na média dos últimos três meses, com a exceção dos itens mais sensíveis à força da economia, que têm variado em torno de 5%. “Aos olhos da política monetária, fica claro que nosso desafio não é apenas a inflação corrente, mas também as expectativas futuras”, diz Igor Cadilhac, economista do PicPay.

O segmento de serviços, altamente sensível à dinâmica econômica interna, continua a ser um ponto de atenção. “Temos observado uma resiliência na inflação de serviços devido a um hiato do produto mais apertado e a aumentos salariais resultantes do baixo desemprego e da regra do salário mínimo. Ao mesmo tempo, o aumento da desancoragem das expectativas, os riscos fiscais e a desvalorização da moeda continuam no radar”, afirma Cadilhac.

Outro ponto de atenção é o núcleo dos bens, que interrompeu sua trajetória de desaceleração e permaneceu estável em 0,9% em junho. “A estabilidade dos bens representa um desafio para o processo de convergência da inflação às metas, uma vez que a deflação deste grupo era a principal fonte de desinflação”, explica Costa.

A decisão do Banco Central em manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano parece ser sustentada pela necessidade de controlar as expectativas inflacionárias futuras. Embora a inflação corrente não gere alarme imediato, os riscos de desancoragem das expectativas, incertezas fiscais e o contexto global adverso continuam a exigir uma abordagem cautelosa na política monetária.

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