Inflação acelera para 0,56% dezembro com alta em alimentos e transportes
Os nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta nos preços; alimentos e passagens aéreas foram os "vilões" do mês
A inflação acelerou para 0,56% em dezembro, acima dos 0,28% registrados em novembro, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima das expectativas do mercado, que estimava alta de 0,47%. No ano, o IPCA fechou em 4,62%, dentro do teto da meta da inflação, pela primeira vez desde 2020.
“Do ponto de vista qualitativo, a leitura não foi favorável. A piora na média dos núcleos sugere um cenário desinflacionário menos consistente no curto prazo”, afirma Igor Cadilhac, economista do PicPay.
Em dezembro, todos os nove grupos de produtos e serviços investigados pela pesquisa registraram alta. A maior veio de alimentação e bebidas (1,11%), grupo que acelerou em relação ao mês anterior (0,63%) e exerceu o maior impacto sobre o resultado geral. Os alimentos que mais impactaram o índice foram a batata-inglesa (19,09%), feijão carioca (13,79%), arroz (5,81%) e frutas (3,37%).
“O aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas”, explica o gerente do IPCA, André Almeida. “No caso do arroz, que registrou alta pelo quinto mês seguido, a produção foi impactada pelo clima desfavorável”, diz o pesquisador. “Já a alta do feijão tem relação com a redução da área plantada, o clima adverso e o aumento do custo de fertilizantes”, completa.
O impacto do clima no preço dos alimentos é um dos desafios da inflação para 2024. Ao longo do ano passado, a supersafra agrícola ajudou a reduzir o preço dos alimentos, dado o aumento da oferta. No entanto, as secas nas regiões Norte e Centro Oeste e as chuvas no sul ocorridas em 2023 afetam a safra para este ano, e consequentemente, influenciam o preço dos alimentos.
Peso das passagens aéreas
No grupo dos transportes (0,48%), o segundo que mais contribuiu para o índice geral (0,10 p.p), as passagens aéreas (8,87%) continuaram subindo. Dezembro foi o quarto mês seguido com variações positivas desse subitem, que representou o maior impacto individual sobre a inflação do país (0,08 p.p.). Por outro lado, todos os combustíveis pesquisados (-0,50%) tiveram deflação: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%), gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).
“Pelo fato de a gasolina ser o subitem de maior peso entre os 377 pesquisados pelo IPCA, com essa queda, ela segurou o resultado no índice do mês”, ressalta André. Em dezembro, os preços desse combustível caíram pelo terceiro mês consecutivo.
Já em Habitação (0,34%), que desacelerou na comparação com novembro (0,48%), os destaques foram as altas da energia elétrica residencial (0,54%), da taxa de água e esgoto (0,85%) e do gás encanado (1,25%). Os demais grupos registraram os seguintes resultados: Artigos de residência (0,76%), Vestuário (0,70%), Despesas pessoais (0,48%) Saúde e cuidados pessoais (0,35%), Educação (0,24%) e Comunicação (0,04%).