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Ibovespa sobe mais de 5% e recupera parte das perdas

Alta da bolsa, apesar de forte, não reflete um otimismo maior dos investidores

Por Felipe Mendes Atualizado em 17 mar 2020, 17h37 - Publicado em 17 mar 2020, 17h15

Em tempos de volatilidade, o mercado financeiro está cada vez mais imprevisível. Decorrente dos efeitos do novo coronavírus (Covid-19), as bolsas mundo afora já perderam trilhões de dólares em valor de mercado. No Brasil, não é diferente. O Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, já viu mais de 1,5 trilhão de reais em ações serem incinerados. Nesta terça-feira, 17, em sentido contrário, o índice fechou em forte alta, de 4,88%, aos 74.639 pontos — na máxima do dia, chegou a registrar avanço próximo a 9%, quando bateu 77.254 pontos. O vaivém é fruto do avanço da pandemia, que teve sua primeira morte no Brasil confirmada nesta terça. Na segunda-feira, 16, o Ibovespa afundou 13,9%.

Segundo fontes ouvidas por VEJA, o crescimento se trata, sobretudo, de um ajuste técnico. O Ibovespa registrou, no intervalo de seis dias úteis, cinco circuit breakers, mecanismo de proteção que paralisa as negociações quando há perdas acima de 10%. “É um ajuste técnico. Nós tivemos o anúncio do Paulo Guedes com medidas que, embora não sejam as ideais, levou um pouco de otimismo para o mercado. Mas nada impede que a bolsa volte a cair ou que se consolide uma recuperação”, diz Glauco Legat, analista-chefe da corretora Necton.

Nos Estados Unidos, os principais indicadores da bolsa de Nova York — os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 — registram altas superiores a 5%, cada. “O que adiciona um pouco de pânico e nervosismo para os mercados é que o Donald Trump está colocando a culpa da propagação do vírus nos chineses. Esse é um dos fatores que está trazendo volatilidade para os mercados no mundo inteiro”, diz Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset.

O pacote anunciado pelo ministro Paulo Guedes na segunda-feira, 16, prevê um conjunto de medidas para reduzir os impactos dos avanços da pandemia sobre a economia brasileira. De acordo com o plano, serão liberados 147,3 bilhões de reais em medidas emergenciais para atender grupos mais vulneráveis da população e setores específicos da economia. Deste montante, 83,4 bilhões de reais serão destinados ao primeiro grupo, com medidas como a antecipação do décimo terceiro salário de aposentados.

Alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, decretaram estado de emergência e anunciaram outras medidas econômicas, o que deixou o presidente Jair Bolsonaro ressabiado — além de criticar os governadores, ele disse que o pânico da população em relação ao vírus, que já matou mais de 7.000 pessoas no mundo, é uma “histeria”. “Tem alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, mas estão tomando medidas que vão prejudicar em muito a nossa economia”, disse o presidente, nesta terça-feira, 17, em entrevista para a Rádio Tupi.

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Dólar

Para conter a subida do dólar, o Banco Central realizou um novo leilão de linha, como é conhecida a operação de venda com compromisso de recompra, no valor de até 2 bilhões de dólares. A moeda americana perdeu força e fechou cotado a 5 reais, com queda de 0,88%.

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