Ibovespa fecha no maior nível desde maio e dólar cai 1,5% com fala de Lula
Para consolidar bom desempenho dos mercados, agentes financeiros cobram ações concretas de Lula
O Ibovespa encerrou esta quinta-feira, 4, em alta de 0,40% e alcançou os 126.163 pontos. Trata-se do maior patamar desde 21 de maio, quando terminou o pregão em 127.421 pontos. Hoje, na máxima do dia, o principal índice da bolsa chegou aos 126.660 pontos. Já o dólar comercial fechou cotado em 5,487 reais para venda, com queda de 1,5%.
Entre os papéis de maior peso no Ibovespa, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) terminaram em baixa de 1,15%, cotadas a 39,67 reais; as preferenciais PETR4 recuaram 1,43%, para 37,30 reais. A Vale (VALE3), outro colosso do índice, recuou 0,48%, para 63,87 reais.
Em relação ao dólar, este foi o segundo dia consecutivo de forte queda, refletindo a mudança de postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à austeridade fiscal. Na sessão de ontem, a divisa retrocedeu 2,14%. Assim, acumula queda de mais de 3% em dois dias.
Depois de bombardear o corte de gastos e a política monetária do Banco Central, a moeda americana alcançou, na última terça-feira, 2, seu maior patamar desde janeiro de 2022, cotada a 5,66 reais.
Desde ontem, contudo, Lula foi convencido por auxiliares, como Fernando Haddad, ministro da Fazenda, a moderar as críticas. Do contrário, veria a inflação voltar a crescer, contaminada pela disparada do dólar, o que acarretaria a necessidade de novos aumentos dos juros.
O recado foi compreendido, e Lula passou o dia apagando o incêndio iniciado pelos seus discursos inflamados. Em evento no Palácio do Planalto, afirmou que, no seu governo, responsabilidade fiscal não é apenas uma palavra e é respeitada desde 2003, quando iniciou seu primeiro mandato na presidência.
À noite, coube a Haddad aplacar ainda mais as chamas. Após a segunda de duas reuniões que teve com o presidente ontem, o ministro afirmou que Lula determinou o cumprimento do arcabouço fiscal “a todo custo”. Informou, ainda, que o governo deve anunciar cortes de 25,9 bilhões de reais em despesas obrigatórias previstas para 2025.
O recuo do dólar e a alta do Ibovespa são o sinal de que o mercado aceitou a trégua proposta pelo ocupante do Palácio do Planalto. Para que uma paz duradoura seja selada, contudo, os agentes financeiros esperam mais. “Não adianta o governo ter boas intenções apenas no verbo; precisa ter também nas ações”, afirma o economista Jason Vieira, diretor da MoneYou. Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão da Nova Futura Investimentos, vai pela mesma linha: “É uma promessa, mas promessas já foram feitas antes e não foram cumpridas”.