IBC-Br sustenta PIB acima de 3%, mas já indica desaceleração no próximo ano
Índice cresceu 0,1% em outubro, acima da projeção do mercado, que esperava estabilidade
A economia brasileira continua desafiando as expectativas, mas sinais de desaceleração começam a aparecer. O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, cresceu 0,1% em outubro na comparação com o mês anterior, um resultado superior às projeções de variação nula feitas pelo mercado. Esse foi o terceiro mês consecutivo de expansão, embora a alta tenha sido mais tímida do que o aumento revisado de 0,9% registrado em setembro.
Na variação anual, o IBC-Br subiu 7,3%, e no acumulado de 2024, o crescimento foi de 3,7%.
Embora o dado tenha registrado crescimento, ele também sugere que a economia brasileira está sentindo os efeitos de uma política monetária apertada. “O dado superou as expectativas, demonstrando certa resiliência na economia brasileira, mesmo em um cenário de juros elevados. No entanto, o ritmo mais moderado em relação aos meses anteriores reflete os efeitos das condições monetárias restritivas”, comenta João Kepler, presidente da Equity Fund Group.
O setor de serviços e o varejo continuam sendo os motores da expansão econômica, com altas de 1,1% e 0,4%, respectivamente, compensando a queda de 0,2% na indústria. No entanto, a alta de juros deve frear esse ritmo.
“Ainda que o resultado de outubro seja positivo, ele está longe de dissipar as incertezas sobre o desempenho econômico no médio prazo. A combinação de inflação elevada e um ciclo de alta de juros continua limitando o crescimento. Esse dado será crucial para o Banco Central definir seus próximos passos na política monetária”, destaca Carlos Braga Monteiro, presidente do Grupo Studio.
Ao longo de 2024, fatores como a baixa taxa de desemprego e o aumento dos salários têm impulsionado a economia, especialmente nos setores mais sensíveis ao consumo. A expansão dos benefícios sociais também desempenha um papel central em estimular a demanda interna. No entanto, esses mesmos fatores têm criado um dilema para o Banco Central.
“O crescimento dos setores mais dependentes da renda tem gerado pressões inflacionárias, complicando o balanço de riscos do Banco Central”, observa Rafael Perez, economista da Suno Research.
Com a economia começando o quarto trimestre em ritmo aquecido, os indicadores de alta frequência, como as vendas no varejo e o setor de serviços, continuam mostrando resultados acima das expectativas, reforçando a projeção de que o PIB poderá crescer cerca de 3,5% em 2024. Contudo, as previsões para 2025 não são tão otimistas.
“O próximo ano deverá trazer uma desaceleração, com uma política monetária mais restritiva, uma política fiscal menos expansionista e um mercado de trabalho sem tanto espaço para avanços. Tudo isso aponta para um crescimento mais moderado”, acrescenta Perez.
As preocupações com a inflação levaram o Banco Central a agir de forma mais agressiva. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa Selic foi elevada em um ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano.