Haddad diz que inflação ‘preocupa um pouquinho’ com efeito da seca nos alimentos
Ministro afirmou que a alta dos preços motivada pelo clima não se resolve 'aumentando juros' e voltou a projetar crescimento maior do PIB, na casa de 3%
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que a seca prolongada terá impacto no preço dos alimentos e que a inflação “preocupa um pouquinho”. O petista, no entanto, ponderou que a solução para este eventual aumento não pode ser a elevação dos juros pelo Banco Central. A taxa Selic hoje está em 10,5%.
“A inflação preocupa um pouquinho, sobretudo em virtude do clima. Estamos acompanhando a evolução dessa questão climática. Efeito do clima sobre preço de alimentos e, eventualmente, preço de energia, faz a gente se preocupar com isso”, pontuou Haddad a jornalistas nesta quarta-feira, 11. “Mas essa inflação advinda desse fenômeno, não se resolve com juro. Juro é outra coisa. Mas o Banco Central está com um quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão, e vamos aguardar o Copom da semana que vem”, prosseguiu o ministro.
As expectativas desancoradas e dados de economia aquecidas vem motivando previsões do mercado de alta na taxa Selic na próxima reunião do Copom, marcado para os dias 17 e 18 de setembro. Apesar da deflação registrada em agosto, os economistas projetam uma alta nos juros, ainda sem consenso se 0,25 ponto ou 0,5 ponto. Com o resultado de agosto, o país chegou a uma inflação acumulada de 4,24% em 12 meses – próxima do teto de meta, que é de 4,5% ao ano.
A alta dos juros é o principal instrumento do país para conter a inflação, já que “esfria” a economia e desincentiva o consumo. O governo Lula, no entanto, avalia que a inflação está sob controle e prefere juros mais baixos para impulsionar o crescimento.
Revisão do PIB
Nesta quarta-feira, Haddad voltou a reafirmar que o Ministério da Fazenda irá revisar para cima. A última estimativa da Secretaria de Política Econômica é de avanço de 2,5%.
Nesta quarta-feira, o IBGE divulgou os dados do setor de serviços, que avançou 1,2% em julho, acima das expectativas de economistas, e alcançou um novo patamar recorde. O resultado do maior setor do PIB indica que a economia também continua aquecida no segundo semestre.
“A atividade econômica continua vindo forte. Hoje tivemos um dado de serviços forte. Devemos divulgar nesta semana a reprojeção do PIB e as consequências sobre a arrecadação, possivelmente com um aumento da projeção para além do que estávamos esperando. Deve vir mais forte, possivelmente 3% para cima, 3% de crescimento, talvez até um pouco mais, crescimento do PIB deste ano”, sinalizou o ministro.