Haddad diz que dinheiro apreendido de associações pode ser suficiente para ressarcir lesados do INSS
Ministro da Fazenda quer que ‘quem cometeu a fraude’ seja responsável pelo pagamento bilionário, não o governo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o ressarcimento das vítimas da fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode ser realizado com recursos bloqueados das associações investigadas pela fraude, de modo que o orçamento do governo federal não precisaria ser comprometido. “Parece que há quantidade de dinheiro disponível dessas associações para começar o ressarcimento de quem foi prejudicado”, disse Haddad ao ser questionado por jornalistas sobre o tema, nesta sexta-feira, 9, durante o lançamento de um ferramenta que digitaliza o pagamento de Imposto de Renda (IR) sobre investimentos, na sede da B3. A Fazenda não garante, contudo, que o governo não precisará usar dinheiro da União para ressarcir as vítimas: “Vamos ver o desenrolar das coisas”, completou o ministro.
Segundo declarações de outros membros do governo, como a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, o Executivo federal estuda a possibilidade de ressarcir as vítimas da fraude do INSS com dinheiro público. “O dinheiro que vai ressarcir não é só fruto da apreensão de bens, porque pode ser insuficiente. Se precisar que a União complemente, nós iremos complementar”, disse Tebet após outro evento na B3, na quinta-feira, 8.
As declarações proferidas hoje por Haddad vão em linha semelhante do dito por Tebet, mas com mais ênfase à responsabilidade das associações investigadas: “Nós vamos fazer um balanço dessas iniciativas que a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) estão tomando [para apreender dinheiro das associações], justamente para fazer com que quem tem que pagar a conta é quem cometeu o abuso, quem cometeu a fraude”.
Doze associações investigadas por órgãos de controle estão sob a suspeita de desviar 6,3 bilhões de reais em benefícios previdenciários através de cobranças indevidas contra aposentados e pensionistas do INSS. A investigação culminou na queda do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, e do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Além do ressarcimento das vítimas, Haddad também comentou sobre suas expectativas para a inflação deste ano e sobre a postura do Banco Central, que elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano na quarta-feira, 7. O ministro disse estar confiante que a inflação de 2025 vai encerrar o ano “um pouquinho melhor” do que o previsto pelo Boletim Focus, publicação do BC que mede a expectativa do mercado financeiro sobre indicadores macroeconômicos.
Na última edição do Focus, publicada nesta segunda-feira, 5, o mercado estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai terminar o ano em 5,53% — ainda bastante acima do teto da meta, que é de 4,5%. Questionado sobre a decisão do BC de colocar os juros em patamar não visto em quase 20 anos, Haddad se limitou a dizer que a missão da autoridade monetária é reduzir a inflação, mas frisou que o Brasil está bem posicionado para lidar com turbulências no mercado internacional.