Guerra na Ucrânia e leilão cambial dão sinais mistos ao dólar
Moeda era negociada em queda com incentivo do BC, mas voltou a subir em meio à incertezas sobre as negociações para o fim do conflito no Leste Europeu

O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, opera em baixa nesta terça-feira, 18, refletindo a combinação de fatores globais e domésticos que têm moldado o humor dos investidores. Em um dia de agenda econômica esvaziada, as atenções se voltam para os desdobramentos das negociações sobre o fim da guerra na Ucrânia, enquanto questões fiscais e a queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuam a lançar sombras sobre o cenário doméstico.
O dólar que cedia levemente durante a manhã em dia de leilão cambial, imverteu a trajetória e era negociado com alta, cotado a R$ 5,71 às 11h.
O Banco Central brasileiro promoveu um leilão de linha — uma operação de venda de dólares com compromisso de recompra — no valor de US$ 3 bilhões. A medida visa acalmar possíveis tensões no câmbio. O movimento da moeda, no entanto, oscila com o impacto das conversas entre Estados Unidos e Rússia sobre um possível fim para o conflito na Ucrânia. No entanto, a ausência da Ucrânia nessas discussões lança dúvidas sobre a viabilidade de um acordo de paz, com Kiev afirmando que não haverá resolução sem sua participação direta.
O mercado, que já enfrenta um ambiente de aversão ao risco, vê nas incertezas políticas e econômicas internas um agravante adicional. A falta de clareza sobre o rumo das contas públicas, somada à recente perda de popularidade do presidente, afeta o apetite por ativos de risco no Brasil. No entanto, nem tudo são notícias desanimadoras: algumas empresas listadas no índice estão servindo de contrapeso à queda do Ibovespa.
A mineradora Vale, uma das gigantes do mercado de commodities, desempenha um papel de suporte importante para o índice, ajudada pela recente alta do preço do minério de ferro na China, principal mercado consumidor. Ao lado da Vale, a BB Seguridade também se destaca positivamente, com seus papéis subindo cerca de 4% após a divulgação de sólidos resultados trimestrais e projeções otimistas, além do anúncio de generosos dividendos aos acionistas.
Ainda que os mercados sigam sensíveis aos eventos internacionais, a atenção dos investidores no Brasil se mantém dividida entre o front fiscal, a evolução dos indicadores econômicos e o impacto político de uma gestão que, por ora, enfrenta um momento de desgaste com a opinião pública. O mercado, sempre avesso à incerteza, espera ansiosamente por sinais mais claros de estabilidade tanto no front externo quanto no interno. Até lá, o compasso de espera e a volatilidade parecem ser a tônica dominante.