Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Guedes não jogou a toalha sobre fonte de recursos que quase custou cabeças

Mesmo após bronca de Bolsonaro às desonerações cantadas pelo secretário Waldery Rodrigues, o ministro busca convencer o presidente de que não há alternativa

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h36 - Publicado em 30 out 2020, 16h33

Ideia que quase custou a cabeça do secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, a desindexação de benefícios relacionados a aposentadorias e pensões continua sendo considerada a bala de prata do ministro da Economia, Paulo Guedes, para financiar o programa de renda substitutivo ao auxílio emergencial pago aos mais vulneráveis, graças à pandemia de Covid-19. O Renda Brasil (ou Cidadã) virou grande incentivador eleitoral de Jair Bolsonaro e pode garantir a manutenção do poder de compra de parte mais frágil da população passado o pior momento da crise de saúde. O presidente conta com o programa para não sofrer novo impacto em sua popularidade, como aconteceu no começo da pandemia. O auxílio de 600 reais foi considerado o motivo principal para a recuperação de seu apoio. Sem solução para cobrir o alto custo de uma espécie de Bolsa Família verde e amarelo, o presidente fez críticas públicas dirigidas a Waldery, quando o secretário revelou publicamente os estudos internos do Ministério da Economia. Mas a proposta não saiu da cabeça de Paulo Guedes.

A estratégia será encampar a forma de financiamento no projeto do Pacto Federativo, de relatoria do senador Márcio Bittar (MDB-AC), depois de idas e vindas em torno do financiamento do programa. O ministro havia terceirizado ao senador, que também é relator do Orçamento no Congresso Nacional, a busca por alternativas para pagar o novo programa. Deu no que deu. Depois de apresentada, a proposta de utilizar recursos destinados ao pagamento de precatórios e do Fundeb, o fundo da educação, caiu como uma bomba no mercado financeiro e perante à opinião pública. O uso de dinheiro destinado a precatórios foi entendido como assumir um calote abertamente. Ficando de fora da discussão, Guedes pretendia mostrar que, sem a desindexação, não haveria forma de a arrecadação suprir os desejos do presidente. Na primeira oportunidade, Guedes rechaçou publicamente a autoria da ideia mirabolante e afirmou que a proposta não havia vindo do Ministério da Economia. É uma estratégia similar à adotada quanto a criação de um novo imposto sobre movimentações financeiras, similar à antiga CPMF, para garantir desoneração da folha de pagamentos das empresas, na reforma tributária.

O desafio, agora, é combinar com o presidente. Com influência sobre Bolsonaro e respaldado na Esplanada dos Ministérios, Guedes vem vencendo a narrativa contra os ministros e parlamentares aos quais apelidou de “fura-teto” e tem a sua agenda chancelada pelo presidente da República. As divergências, avalia ele em conversas com secretários, são sobrepassadas com dados e as provas irrefutáveis de que suas propostas seriam as únicas com embasamento para solucionar a questão de como financiar a renda básica do governo federal, sem causar reações no mercado e sem desequilibrar as contas públicas.

A inserção dos recursos para financiar o Renda Cidadã nos projetos de relatoria de Bittar, vira e mexe, vira tópico nos bastidores do Congresso Nacional, já que a determinação de Guedes é de que o programa caiba no teto de gastos, sem que o país descambe para a irresponsabilidade fiscal. Segundo pessoas próximas ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), porém, o Congresso Nacional não passaria ao mercado uma alternativa mambembe para a continuidade do programa. No momento, o texto encerrado de Bittar não contempla as formas de financiamento do Renda Brasil.

A reaproximação recente do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com Guedes apenas pôs lenha na fogueira das discussões, que já estão quentes graças à costura em torno da presidência da Comissão Mista de Orçamento, a CMO, como aborda VEJA na edição desta semana. É uma questão de pesos, e da interpretação do presidente em torno deles: ou mexe no vespeiro que já censurou ou o programa desejado, defende o ministro, será impagável.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.