Guedes: Brasil está disposto a ouvir a Opep, mas não concorda com cartel
Presidente Jair Bolsonaro disse que o país recebeu convite para ingressar na organização dos produtores de petróleo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira, 1º, que o Brasil “poderia até” ingressar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas ressaltou que a formação de preços “não faz parte do cardápio” do país e que o governo não está disposto a abrir mão de princípios democráticos.
Questionado se seria possível aderir à entidade sem participar de cartéis, Guedes afirmou que essa “é uma boa pergunta”, sem elaborar. “Se o Brasil é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, pode ser que, se reunindo, faça sentido o Brasil estar lá (Opep)”, afirmou Guedes, após participar, no Rio de Janeiro, de cerimônia de assinatura de termo aditivo ao contrato de cessão onerosa entre a Petrobras e a União.
“Participar da Opep como um fato de reunião de produtores é uma coisa, mas a orientação econômica (do governo brasileiro) é de remover cartéis, integrar a uma economia globalizada, permitir a prosperidade de todos os povos em vez da exploração através de cartéis”, afirmou.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que o país recebeu convite de um país do Oriente Médio para ingresso na Opep durante sua viagem à região nesta semana, mas que o governo ainda avalia a questão. Durante a passagem pela Arábia Saudita, o presidente chegou a afirmar que gostaria de ver o país na organização, mas isso se tratava de uma opinião pessoal.
Guedes afirmou que o Brasil será o quinto produtor de petróleo do mundo e, nesse sentido, o convite da Opep “é quase inevitável”. Mas, ao voltar ao tema, o ministro frisou que “muito importante são nossos princípios democráticos”.
As declarações de Guedes foram dadas durante cerimônia para a assinatura de termo aditivo ao contrato de cessão onerosa, que prevê o pagamento de cerca 9 bilhões de dólares (cerca de 35 bilhões de reais) à Petrobras, após uma ampla renegociação com a União que durou cerca de seis anos e estava prevista no acordo original, assinado em 2010.
Os recursos garantem caixa para a Petrobras participar do leilão, previsto para o próximo dia 6. “Finalmente teremos o leilão dos excedentes da cessão onerosa, que é o maior leilão de petróleo do mundo, com ativos de classe mundial. Temos inclusive o campo de Búzios, que é o maior campo de petróleo ‘offshore’ do mundo”, disse o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, chamando a assinatura do termo como uma “grande vitória”. A petroleira brasileira deve fazer ofertas pelos campos de Búzios e Itapu no certame.
Plano Guedes
O ministro afirmou que irá na próxima terça-feira ao Congresso, com o presidente Bolsonaro, apresentar um pacote de reformas que incluirá o novo pacto federativo, o qual, segundo ele, viabilizará a “consolidação das finanças de uma República e a co-responsabilidade fiscal”. “Somos um país que tem a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas ainda não tem a cultura e a governança que garantam fundamentos fiscais sólidos para uma república”, disse.
(Com Reuters)