Governo deve oficializar a meta de inflação contínua em 3%
Tema está na pauta do Conselho Monetário Nacional. Na véspera, foi debatido entre Lula, Haddad e Gabriel Galípolo, diretor do BC

O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne nesta quarta-feira, 26, e entre as pautas do encontro está a manutenção da meta de inflação em 3% de forma contínua. O Conselho também deve divulgar um decreto com a regulamentação desse novo método de metas para a inflação.
Em junho passado, o CMN definiu a mudança do regime de metas, de anual para contínuo a partir de 2025, porém, é necessária a validação. O tema foi discutido na terça-feira em uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o diretor de Política Econômica do Banco Central, Gabriel Galípolo. Galípolo, aliás, é o favorito a ser indicado por Lula para a presidência do Banco Central após a saída de Roberto Campos Neto, em dezembro.
Atualmente, o BC olha a inflação para cumprimento da meta de janeiro a janeiro. A partir de 2025, a meta será perseguida olhando os 12 meses, não necessariamente um ano fechado — e continuará com a margem de tolerância de 1,5 ponto para baixo ou para cima. Em maio, por exemplo, a inflação acumulada está em 3,93%, acima do teto da meta, mas dentro da margem de tolerância de 4,5%, que será mantida. Essa alteração, na prática, dá maior flexibilidade para a autoridade monetária tomar decisões de juros sobre a perseguição da meta sem precisar de ajustes bruscos na taxa de juros.
A oficialização da meta contínua acontece num momento em que há desconfiança do mercado financeiro com a equipe econômica de Lula, pela dificuldade em conduzir a agenda fiscal, assim como um temor em que a indicação do presidente ao BC possa sinalizar uma mudança brusca na direção da política monetária. A mudança do sistema de metas, autorizada pelo presidente, é um sinal importante, pois mostra o compromisso de perseguir a inflação baixa de maneira contínua.
O CMN O é o órgão responsável pela formulação de política econômica e é formado por 3 integrantes: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.