Gasto com aposentadoria de servidor é 13 vezes maior que do setor privado
Economia per capita prevista pelo Ministério da Economia é de R$ 114,1 mil com os funcionários públicos, contra R$ 8,7 mil da iniciativa privada

Um dos principais alicerces da reforma da Previdência, as mudanças na aposentadoria do funcionalismo público são vistas como primordiais para sanar as contas públicas. Não é à toa. Em setembro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, alertou para a profundidade do rombo que o funcionalismo representava nas contas públicas. “Você tem alto salários, estabilidade. Você vive em Brasília, é outro planeta. É Versalhes”, afirmou.
O governo até tentou incluir servidores de estados e municípios na reforma, o que foi arrancado do texto ainda na Câmara dos Deputados e, espera-se, será votado em outro texto, apelidado de Proposta de Emenda Constitucional Paralela. Entende-se por quê: o déficit financeiro dos entes federativos, no que diz respeito apenas às aposentadorias de servidores públicos, sujeitos aos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), em 2017, foi de aproximadamente 92 bilhões de reais.
Apesar de perder os servidores estaduais e municipais do texto, os empregados da União foram incluídos na reforma ─ e, apesar de representarem muito menos gente no rol de atingidos pelas mudanças que devem ser votadas nesta terça-feira, 22, são expressivos se repararmos o quanto são onerosos. Enquanto a economia per capita prevista para os 71,3 milhões de trabalhadores da iniciativa privada compreendem economia por indivíduo de 8,7 mil reais, o respiro por cabeça dos 1,4 milhão do Executivo será de 114,1 mil reais.
Apesar de representarem apenas 1,9% dos trabalhadores que terão as regras de aposentadoria modificadas, o corte de gastos em dez anos, de 159,8 bilhões de reais, são 25% da economia prevista com a mudança das regras para os empregados no setor privado, de 621,3 bilhões de reais.
De acordo com o Ministério da Economia, em 2019 o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que engloba os trabalhadores da iniciativa privada, terá déficit de 218 bilhões de reais. Já o regime dos funcionários públicos do Executivo ─ aqueles englobados na reforma da Previdência ─ representará um rombo de 53,9 bilhões de reais. As receitas totais da Previdência Social somarão, segundo a pasta, 459,1 bilhões de reais, enquanto os gastos atingirão 754 bilhões de reais. De fato, é uma conta que não bate.