Focus reforça expectativa de alta da Selic na reunião do Copom, segundo economistas
Comitê se reúne nesta terça e quarta-feira. Mercado está dividido sobre expectativas de aumento de 0,75 ou 1 ponto percentual na taxa de juros

Com a expectativa de inflação em alta entre os agentes do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central faz a sua última reunião do ano nesta semana e deve acelerar o ritmo do aperto monetário. O colegiado se reúne nesta terça-feira, 10, e nesta quarta-feira, 11, com a decisão divulgada no fim do dia, anunciando a última decisão do Copom, na gestão do presidente Roberto Campos Neto. O atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, assume o comando da autarquia em janeiro.
Nas últimas duas reuniões, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade, elevar a taxa básica de juros. No comunicado de novembro, o Copom não deixou guidance para as futuras reuniões, mas sinalizou que a porta está aberta para novos ajustes. “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”, afirmou o Copom no comunicado.
Atualmente em 11,25%, a Selic deve continuar em alta, segundo a expectativa do mercado financeiro. O Focus desta segunda-feira, 9, traz a expectativa média de elevação em 0,75 ponto percentual, o que leva a Selic a 12%.
A probabilidade de alta de 0,75 ponto percentual é de 60,2%, segundo a inteligência artificial criada pela Equus Capital, que indica aumento no número de contratos em aberto no mercado de opções de Copom, passando de 23.567 para 40.320. “O mercado divide expectativa entre aumento de 0,75% e aumento de 1,00% para a próxima reunião”, diz Felipe Uchida, Head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.
“A alteração da taxa Selic de 11,75% para 12% está alinhada a uma série de temores que continuam rondando a economia brasileira, envolvendo a alta consistente do dólar e o tão conhecido risco fiscal”, diz Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
O especialista chama atenção para o fato de que as expectativas de inflação para todos os próximos anos foram revisadas para cima, assim como as projeções de taxas de juros para 2024 e 2025. “Isso evidencia que o problema inflacionário não será tão fácil de resolver e que algo que antes parecia simples agora se torna mais estrutural, reduzindo o poder de compra da população de forma mais intensa”, diz ele que espera uma” intervenção significativamente mais agressiva por parte do COPOM, não apenas nesta reunião, mas também nas próximas”.
A avaliação de Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, também é de que o Focus desta semana reforçou a necessidade de um posicionamento mais agressivo do Copom, especialmente diante da revisão para cima das expectativas de inflação e das projeções de juros para os próximos anos. “Devemos ver um aumento de 0,75% na taxa nesta quarta, um cenário que impacta diretamente a construção civil, ao elevar os custos de financiamento e reduzir a capacidade de investimento, além de restringir o acesso ao crédito imobiliário, dificultando novos projetos e desacelerando o setor”, diz.
Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, também concorda que o relatório confirma o cenário desafiador para o mercado de investimentos, com maior custo de capital e volatilidade de ativos de renda variável. Investidores devem adotar cautela, priorizando ativos mais resilientes à alta de juros, como títulos pós-fixados e setores defensivos, enquanto avaliam oportunidades em mercados impactados pela restrição de crédito, como o varejo e a construção civil”, diz o economista.
Mas, antes mesmo da divulgação do relatório, previsões de um ritmo ainda mais acelerado de subida de juros no Brasil. Na semana passada, a corretora XP elevou a régua e subiu sua previsão e agora estima a Selic a 12,25% no fim de 2024. A corretora prevê altas de 1 ponto percentual em janeiro, e mais duas vezes em 0,5 ponto, em março e maio, levando a Selic a um pico de 14,25%.