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Firme, contundente e surpreendente: como o mercado recebeu a alta da Selic

Decisão de elevação de 1 ponto percentual e o 'guidance' de altas nas próximas duas reuniões foram bem recebidos pelo mercado financeiro

Por Camila Pati Atualizado em 11 dez 2024, 21h08 - Publicado em 11 dez 2024, 20h02

Economistas, gestores e especialistas consultados por VEJA entendem como positiva a postura mais agressiva do BC na decisão de alta dos juros. Na noite desta quarta-feira, o Comitê de política Monetária elevou em 1 ponto percentual a taxa básica de juros e, em seu comunicado,  destacou que prevê mais duas altas da mesma magnitude nas próximas reuniões, o que pode levar a Selic a 14,25%. 

“O Banco Central responde de forma contundente à desancoragem de expectativas, reafirmando seu compromisso com a meta de inflação. É uma decisão que tende a ser bem recebida pelos mercados pelo compromisso com a meta”, diz Natalie Victal, economista chefe da SulAmérica Investimentos.

Na avaliação de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, a decisão desta quarta deve contribuir “para o processo de recuperação da credibilidade do colegiado e dar um alívio para os agentes do mercado financeiro”, afirma. 

O aperto monetário demonstra, na visão de Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez,  humildade por parte do BC em reconhecer que “estava atrasado”. Mais importante, mostrou capacidade de reação e adaptação, recuperando as rédeas da condução de política monetária e retomar o forward guidance de maneira a sinalizar mais altas neste ritmo à frente”.

 A postura  dura – ou hawkish, no jargão do mercado – foi mais firme do que o esperado,  na análise de Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos. “A decisão envia um sinal claro de que o Banco Central está disposto a enfrentar a rápida deterioração do quadro econômico, causada por fatores tanto externos quanto, principalmente, internos”, diz.

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Claudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos  diz que a decisão foi surpreendentemente positiva. “Com essa decisão, o Banco Central se mostra firme no propósito de fazer a convergência da inflação para a meta e se mostra à frente do mercado, não estando mais atrás da curva”, afirma.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master,  também destaca que a decisão “duríssima” não deixa dúvida do compromisso do Banco Central em controlar a inflação  “Ninguém tinha na conta um choque tão violento de 3 altas de 1%”. Ele destaca também a revisão da projeção de inflação. “No cenário de referência divulgado pelo BC, a inflação do horizonte relevante, que é o primeiro trimestre de 2026, já vai em 4%, portanto bem acima da meta de 3% e para 2025 é de 4,5% e para esse ano 4,9%”, diz

Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos,  diz que a revisão da projeção foi “surpreendente”. “ Nós estamos falando em uma taxa de juros terminal de 14% para um IPCA de 4%, juros reais na faixa de 10%. Isso só vem corroborar aquilo que a gente já vem dizendo, que a condução das expectativas fiscais pelo governo completamente desencoraram a política monetária”, afirma.

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Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais m afirma  que para  ancorar as expectativas de inflação que saíram dos trilhos nos últimos meses, o Copom preferiu dar um “choque” de alta de juros. “Para evitar que esse cenário tenha que se perpetuar por mais tempo lá na frente”, diz.

Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank, entende que o resultado pode ser positivo para o dólar nesta quinta-feira, 12.  “O nosso diferencial de juros ficará mais atrativo para o ingresso de fluxo de capitais. Contudo, acho que vale destacar que parte desse movimento já pode ter sido antecipado pelo mercado e, além disso, a gente tem outros fatores como a questão fiscal e, agora, a saúde do presidente que podem trazer volatilidade para os ativos brasileiros”, diz.

A alta da Selic reafirma que a prioridade do Banco Central continua sendo a estabilidade de preços, avalia Bruno Carlos de Souza, CEO da Souzamaas. “Isso é positivo em termos de credibilidade, mas também acende um alerta para a possível desaceleração econômica”, diz. Segundo ele, a alta dos juros e o consequente encarecimento do capital indicam que o próximo ano será marcado pela necessidade de maior prudência por parte das empresas. “As empresas devem adotar estratégias conservadoras, revisando planos de investimento e fortalecendo caixa para enfrentar a incerteza”, diz.

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