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FGV já detecta alta dramática do desemprego no país

Indicador que antecipa os rumos do mercado de trabalho teve retração de 9,4 pontos em março e caiu para 82,6 pontos, o menor nível desde junho de 2016

Por Felipe Mendes Atualizado em 7 abr 2020, 17h37 - Publicado em 7 abr 2020, 14h00

Com as medidas restritivas de governantes para evitar a disseminação do novo coronavírus (Covid-19) pelo país, dois indicadores de emprego medidos pela Fundação Getulio Vargas (FGV) apresentaram declínio agora em março. O maior tombo foi do Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que busca antecipar tendências do mercado de trabalho para os próximos meses, que retraiu 9,4 pontos, para 82,6 pontos, numa escala de 0 a 200 – é o menor nível desde junho de 2016, quando estava em 82,2 pontos. A própria instituição já havia estimado anteriormente que a taxa de desemprego do Brasil poderá pular dos atuais 11,6% para 16,1% ao fim do segundo trimestre deste ano, acrescentando 5 milhões de pessoas na fila do desemprego em apenas três meses, elevando o número de desempregados no país para cerca de 17 milhões. O cenário que se desenha é catastrófico, tanto para o mercado de trabalho como para a recuperação da renda das famílias – e da própria economia.

Diante da escalada da enfermidade, que já contabiliza mais de 12.000 infectados e mais de 500 mortes no país, muitos trabalhadores estão em suas casas. Segundo o economista da FGV, Rodolpho Tobler, o cenário é incerto tanto para quem está em busca de um emprego quanto para as próprias companhias, que tiveram de revisar planos de investimento para este ano. “A incerteza é muito elevada. E já tem um impacto muito claro para o mercado de trabalho. As empresas que iniciaram este ano com perspectivas de contratação e crescimento, agora estão segurando isso porque precisam de um ambiente de negócios mais tranquilo para poder tomar as decisões. É normal que elas adotem mais cautela neste momento”, afirma.

Outro coeficiente que compõe o IAEmp é o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que subiu 0,6 ponto em março, para 92,5 pontos. Comparável à taxa de desemprego, quanto maior este índice, pior o resultado geral. A alta, neste caso, não é boa. Significa que o número de desempregados aumentou em março, igualando-se ao patamar visto em janeiro, mas ainda muito distante dos piores índices dos últimos dois anos. Ou seja, a taxa de emprego, que vinha em franca recuperação desde novembro de 2019, quando o ICD registrava 96,1 pontos, teve sua sequência positiva interrompida em março – e os próximos resultados devem ser cada vez piores.

“Já houve algum impacto do coronavírus sobre o ICD, embora seja mínimo. Esse indicador já vinha demonstrando recuperação desde o fim de 2019, e agora voltou a subir. Isso, num período normal, poderia ser simplificado como um momento de cautela, correção. Mas, como o cenário de incerteza é elevado, nós já estamos observando uma tendência negativa para os próximos meses”, afirma Tobler.

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Questionado sobre os setores que estão com a incerteza mais elevada neste momento de pandemia, Tobler analisa que as empresas de turismo e de atendimento ao público que não sejam tidas como essenciais para o momento – como moda e automóveis – tendem a demitir mais seus funcionários. Todavia, também é possível notar o efeito reverso. “Temos alguns setores chaves que podem segurar o patamar do IDC, que são os de itens essenciais, tanto na parte da indústria como do comércio. Empresas de alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos tendem a segurar um pouco mais seus funcionários neste momento”, complementa. Assim, os anúncios do governo de uma expansão de crédito para micro e pequenos empreendedores e o auxílio de uma renda básica emergencial, entre 600 reais e 1.200 reais, para a população de baixa renda, talvez não sejam suficientes para trazer um alento à economia.

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