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Fed deve realizar 3° corte de juros, mas incertezas para 2025 aumentam

O corte de 0,25 pp já é esperado. No próximo ano, no entanto, o cenário é de dúvidas. Uma pausa nos cortes pode pressionar ainda mais o câmbio

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 dez 2024, 15h12

O banco central americano, o Federal Reserve (Fed), está prestes a anunciar seu terceiro corte consecutivo nas taxas de juros, com uma redução de 0,25 ponto percentual, o que colocará a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50%. Embora essa decisão já esteja amplamente precificada, com 99,1% do mercado esperando esse movimento, as incertezas sobre o futuro da política monetária no próximo ano estão crescendo.

O cenário econômico global, combinado com o aumento das tensões políticas e geopolíticas após a reeleição de Donald Trump, trouxe novas variáveis para a equação do Fed. O mercado de trabalho segue resiliente, com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos, enquanto a economia norte-americana expandiu 2,8% no terceiro trimestre. Além disso, a inflação permanece acima da meta do Fed de 2%, com a inflação ao consumidor subindo para 2,7% no terceiro trimestre, a maior alta em sete meses. Esses números indicam que a pressão inflacionária pode não ser passageira, colocando o Fed em uma posição delicada ao tentar equilibrar cortes de juros com a contenção da inflação.

A expectativa, segundo o Goldman Sachs, é que o Fed sinalize uma desaceleração no ritmo de cortes de juros a partir de 2024. “Autoridades do Fed têm manifestado a necessidade de uma abordagem mais cautelosa, não apenas devido à inflação persistente, mas também à incerteza sobre as políticas da nova administração de Trump, especialmente em relação a possíveis aumentos de tarifas, que podem pressionar ainda mais os preços”, diz o banco. Além disso, o Fed está reavaliando sua estimativa da taxa neutra de juros — o nível que não estimula nem restringe a economia — o que reforça a necessidade de prudência nos próximos passos.

Enquanto os Estados Unidos seguem no caminho de flexibilização monetária, o Brasil adota uma postura oposta. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o colegiado elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, uma medida drástica que reflete a preocupação com a inflação interna. As projeções indicam que a Selic pode atingir 14,25% em 2024, criando um grande diferencial de juros em relação aos Estados Unidos. Em teoria, isso deveria atrair capital estrangeiro em busca de retornos mais elevados. No entanto, a realidade é mais complexa.

O aumento dos juros no Brasil é um reflexo de uma economia que ainda enfrenta pressões inflacionárias persistentes e uma frágil recuperação. Embora os altos juros ofereçam retornos atrativos, investidores continuam cautelosos devido às incertezas fiscais e à instabilidade política. Além disso, a percepção de risco no Brasil é maior do que nos Estados Unidos, onde o cenário econômico, apesar dos desafios, é considerado mais estável. Portanto, a migração de capital para o Brasil tem sido limitada.

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A curto prazo, o corte de juros nos EUA não deve provocar grandes impactos no Brasil, já que essa decisão já foi precificada pelos mercados. Contudo, se o Fed interromper o ciclo de cortes em 2024, conforme especulações de alguns analistas, o fluxo de capital para ativos americanos pode aumentar, criando pressões adicionais sobre o real. Um enfraquecimento da moeda brasileira poderia agravar o quadro inflacionário e dificultar ainda mais a condução da política monetária local, além de gerar maior pressão no câmbio, que já está acima de R$ 6.

A postura do Fed no próximo ano, portanto, será decisiva para os rumos do mercado internacional e para a capacidade do Brasil de estabilizar sua economia diante dos desafios globais e domésticos.

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