Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Falta de componentes eletrônicos mina produção global das montadoras

Setor encontra dificuldades em adquirir semicondutores, essenciais para o sistema multimídia dos carros; No Brasil, Honda paralisou fábrica do Civic

Por Diego Gimenes
Atualizado em 23 fev 2021, 18h25 - Publicado em 23 fev 2021, 18h11

Engana-se quem pensa que as más notícias para o setor automotivo cessariam com a saída da Ford do Brasil. Não bastasse a alta carga tributária do país — uma das razões que motivaram a pioneira americana a encerrar a produção por aqui –, a falta de insumos coloca dificuldades para a fabricação de veículos nas montadoras, uma crise que ocorre em nível global. Em tempos normais, a escassez de peças seria resultado de uma procura maior por automóveis, mas a causa desse fenômeno específico está na comercialização de celulares e notebooks. No Brasil, a Honda anunciou nesta terça-feira, 23, a suspensão temporária da fabricação do modelo Civic na fábrica de Sumaré (SP), por “problemas na cadeia global de suprimentos”. A interrupção inicial aconteceu entre 5 e 12 de fevereiro, e as máquinas serão novamente desligadas entre 1° e 10 de março.

Em função da disparada nas vendas de eletrônicos, a demanda por chips e semicondutores — fundamentais para o sistema multimídia dos veículos — subiu exponencialmente, e faltam peças no mercado. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as concessionárias tinham apenas 18 dias de estoque no mês de janeiro. Os licenciamentos, por sua vez, caíram 11,5% em relação ao mesmo período de 2020.

Analistas da IHS Markit, empresa britânica de informações e serviços financeiros, acreditam que 1 milhão de carros deixarão de ser produzidos pela escassez de componentes no mundo inteiro.

Na Europa, a Renault avalia que a falta de componentes pode provocar uma redução de 100 mil veículos produzidos no ano, e pode suspender a produção em uma fábrica na França e em duas no Marrocos e Romênia. Na mesma linha, a Fiat Chrysler vai frear o reinício da produção no México e deve programar suspensões na fábrica canadense de Ontário. Até mesmo a Ford precisou paralisar as montagens no Kentucky, nos EUA, pela escassez de semicondutores.

Em situação ainda mais grave, a Audi irá suspender os contratos de 10 mil funcionários a nível global em função da paralisação de suas fábricas. A Volkswagen, fabricante do mesmo grupo, prevê que a falta de insumos pode custar 100 mil automóveis a menos apenas nos quatro primeiros meses do ano e que, por essa razão, irá reorganizar as linhas de montagem na América do Norte, Europa e China. 

A expressiva procura por chips e semicondutores também pode impactar a fabricação de eletrônicos, como Playstation 5 e IPhone 12. Além dos preços, que podem subir, a entrega de modelos dos telefones que são o carro-chefe da Apple precisou ser limitada. Por outro lado, os consumidores já enfrentam dificuldades para encontrar os consoles da nova geração da Sony nas lojas. A explicação para esse colapso no mercado não está apenas na alta demanda pelos equipamentos, mas também nas sanções aplicadas pelo ex-presidente americano Donald Trump à China. Gigantes de tecnologia, como a Huawei, estocaram os componentes e aumentaram a pressão sobre a oferta. Pegas no meio disso tudo, esse é mais um dos inúmeros desafios que as montadoras vão ter de superar para garantir a manutenção de suas atividades no país.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.