Economia dos EUA surpreende com deflação em março
Inflação ao consumidor (CPI) recua 0,1%, contrariando previsões de alta; dado reforça aposta de corte de juros pelo Fed

A economia americana deu um sinal surpreendente de alívio inflacionário em março. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) recuou 0,1% no mês, contrariando as expectativas do mercado, que projetavam uma alta de 0,1%, segundo pesquisa da Reuters. Trata-se da primeira deflação mensal desde junho de 2024.
Em 12 meses, a inflação acumulada ficou em 2,4%, ante 2,8% no mês anterior. O núcleo da inflação (sem alimentos e energia) subiu 2,8%.
A queda foi puxada principalmente pela retração nos preços da energia, que recuaram 2,4% em março. A gasolina, item de grande peso no orçamento das famílias, teve queda expressiva de 6,3%, mais que compensando os aumentos verificados nos preços da eletricidade e do gás natural. O índice que exclui alimentos e energia, considerado um termômetro mais estável da inflação — o núcleo do CPI —, subiu apenas 0,1%, também abaixo do 0,2% registrado em fevereiro.
Do lado das altas, os alimentos continuam pressionando. O índice geral de alimentação subiu 0,4% no mês, com destaque para a alimentação em casa, que aumentou 0,5%, enquanto comer fora ficou 0,4% mais caro. Já outros componentes importantes do índice, como passagens aéreas, seguros de veículos e veículos usados, registraram queda nos preços, o que ajudou a puxar o indicador para baixo.
Embora o banco central americano, o Federal Reserve (Fed), tenha sinalizado cautela e um cenário de incertezas com as políticas tarifárias de Donald Trump e com o mercado de trabalho ainda aquecido, números como os de março devem reacender o debate sobre o momento apropriado para aliviar a política monetária.
Se por um lado a desaceleração inflacionária é bem-vinda, por outro, ela levanta questões sobre a atividade econômica. Uma queda nos preços pode sinalizar desaquecimento mais acentuado do consumo — o que, se confirmado, exigirá uma atuação mais ágil do Fed para evitar um pouso forçado da economia.