Dólar vai a R$ 4,19 e BC faz leilão para segurar disparada da moeda
Certame ofertou lote mínimo de US$ 1 milhão no mercado à vista, após divisa atingir mais uma vez a cotação máxima do ano

O Banco Central realizou na tarde desta terça-feira, 27, leilão de dólares no mercado à vista, para conter o avanço da cotação da moeda. O certame ocorreu entre 13h20 e 13h25, quando o dólar batia os 4,19 reais, renovando a máxima do ano. Após o leilão, a moeda recuou a 4,14 reais, o mesmo valor do fechamento da véspera.
Cada comprador deveria adquirir ao menos um 1 milhão de dólares. O BC ainda não divulgou o resultado do leilão. A medida visa corrigir distorções agudas de liquidez e reduzir a amplitude da volatilidade no câmbio, segundo Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital. Para ele, porém, isso não significa que a instituição veja o patamar dos 4,20 reais como um teto. “O movimento era esperado, embora tenhamos um Banco Central bastante ortodoxo, muito alinhado com o mercado, no sentido de ter pouca interferência, principalmente na formação de preço do câmbio”, afirmou Bergallo.
Mais cedo, o BC realizou a oferta programada de 550 milhões de dólares à vista. Ao mesmo tempo, comprou o mesmo valor no mercado futuro (em que o valor do dólar são definidos por prazo). Operações semelhantes estão ocorrendo diariamente desde o dia 21 e, segundo o banco, vão se encerrar no dia 29. O objetivo do BC, com isso, é transferir suas posições do mercado futuro para o à vista — que vem tendo mais demanda dos investidores, que procuram um cenário mais seguro.
A alta no dólar nesta terça é resultado de um cenário externo instável. Com a disputa comercial entre China e Estados Unidos, investidores estão retirando seus ativos de países emergentes, como o Brasil, e refazendo suas posições em mercados mais seguros. Aliado a isso, a Argentina, uma das principais parcerias comerciais do país, vive intensa crise política e econômica.
No cenário interno, para Bergallo, as notícias não são ruins, mas também não animam o mercado de modo suficiente para segurar a alta. “O cenário doméstico também não está ajudando”, afirma ele, citando o fato do relator da reforma da Previdência, Tasso Jereissati (PSDB-CE), ter adiado a apresentação de seu parecer como um exemplo.
Além disso, ainda nesta terça, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal disse que “o real nos últimos dias tem tido desvalorização um pouquinho acima, mas está bem dentro do padrão normal”, o que também preocupou os mercados, que esperavam uma postura mais firme do economista.