Dólar cai após leilão do BC e de olho em guerra na Ucrânia; Ibovespa registra estabilidade
Alívio na taxa de câmbio vem em meio a leilão de US$ 3 bilhões do BC e conversas entre EUA e Rússia sobre conflitos na Europa

Após um dia de mercados fechados nos EUA devido ao feriado, o mercado de câmbio no Brasil ganhou mais liquidez e foi marcado por uma queda de 0,41% no dólar, cotado a R$ 5,69. Na bolsa de valores, o Ibovespa, principal índice da B3, registrou estabilidade no fim do pregão, em 128.531 pontos.
O alívio no preço da moeda americana no fim do pregão de hoje acontece após novo leilão de linha (venda com compromisso de recompra) de 3 bilhões de dólares realizado pelo Banco Central. Esse tipo de operação é uma ferramenta de regulação do mercado de câmbio com o objetivo de aumentar a oferta de dólares disponíveis e corrigir disfuncionalidades. É a terceira intervenção cambial da gestão de Gabriel Galípolo como presidente do BC.
Além disso, o avanço no preço de algumas commodities também está no rol de fatores positivos para o real, de acordo com Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank. “Esse cenário (alta de preços) tende a favorecer países exportadores de commodities, que são, em sua maioria, países emergentes, como o Brasil.” O avanço das matérias-primas dá suporte à alta das ações da Vale e da Petrobras, mas não o bastante para levar a bolsa a se firmar no campo positivo, em um mercado ainda em compasso de espera.
Sem grandes catalisadores para os negócios no exterior, o investidor volta sua atenção para as conversas entre Estados Unidos e Rússia na Arábia Saudita sobre um possível fim da guerra na Ucrânia. Os dois países acordaram em estabelecer um processo para solucionar o conflito e remover barreiras para missões diplomáticas, segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, o que gera uma melhora na demanda por risco globalmente.
Entretanto, a viabilidade de um acordo de paz ainda gera dúvidas no cenário geopolítico mundial. Kiev, capital da Ucrânia, excluída das discussões, afirmou que não haverá resolução sem sua participação direta.
Ainda que os mercados sigam sensíveis aos eventos internacionais, a atenção dos investidores no Brasil se mantém dividida entre o front fiscal, a evolução dos indicadores econômicos e o impacto político de uma gestão que, por ora, enfrenta um momento de desgaste com a opinião pública, como mostrou, na última sexta-feira, 14, a pesquisa Datafolha. O mercado, sempre avesso à incerteza, espera ansiosamente por sinais mais claros de estabilidade tanto no front externo quanto no interno.