Discurso de Trump precisa ser coerente para permitir queda do dólar, diz Haddad

Ministro concedeu entrevista em que afirma que outras moedas só vão se valorizar se o governo americano tiver previsibilidade

Por Juliana Machado SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 11 abr 2025, 20h52 - Publicado em 11 abr 2025, 17h01

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Diogo Zacarias/MF/Divulgação)

O mercado brasileiro só verá uma trajetória de desvalorização do dólar contra o real se o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passar a ser “coerente” e sinalizar às pessoas que há o mínimo de previsibilidade à frente, declarou na tarde desta sexta-feira 11 o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“A aceleração do dólar (contra o real) acontece porque as pessoas buscam refúgio”, disse o ministro, em entrevista ao canal Band News. “O governo americano precisa adotar um discurso coerente para sinalizar aos investidores uma previsibilidade do que vai acontecer, e o que vem, pela lógica, é uma valorização das moedas frente ao dólar.”

Segundo Haddad, os Estados Unidos são hoje uma potência econômica que “nem sabe se explicar direito”, com as idas e vindas de Trump. Ele declarou que economias capitalistas têm essas crises e oscilações com o tempo, mas que o Brasil “está preparado para enfrentar isso”.

Haddad aproveitou para tecer elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que ele é “bem recebido” por diversos líderes globais e que a expectativa é de que Trump também comece a conversar com o líder petista para estabelecer um relacionamento sólido.

Diante da valorização do dólar frente ao real como um dos motivos mais preocupantes para a alta da inflação, Haddad lembrou que várias medidas fiscais foram tomadas pelo governo, enquanto o Banco Central adotou várias medidas monetárias para enfrentar o problema antes mesmo de os indicadores passarem a refletir a alta dos preços. “Antes do ‘repique’ acontecer, já tínhamos tomado medidas para a inflação ser controlada em horizonte razoável”, afirmou.