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De quem é a ‘paternidade’ do PIX, que Bolsonaro reivindica para si

Desenvolvimento do sistema começou ainda durante o governo de Michel Temer e foi lançado pelo BC em 2020, durante a gestão de Bolsonaro

Por Larissa Quintino Atualizado em 8 ago 2022, 17h35 - Publicado em 8 ago 2022, 09h56

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontra nesta segunda-feira, 8, com representantes de bancos, após ele e sua base subirem o tom contra as instituições nas últimas semanas. O estopim foi a adesão de alguns banqueiros ao manifesto em defesa à democracia da USP. De lá para cá, o discurso é de que as instituições financeiras teriam perdido dinheiro no seu governo por conta da criação do PIX. Apesar de ter começado a operar em 2020, durante o governo de Bolsonaro e por isso o capitão reivindicar a ‘paternidade’ do serviço, a criação do sistema de transferência de dinheiro vem de antes. Começou durante a gestão de Michel Temer (MDB).

O desenvolvimento da ferramenta foi iniciado em maio de 2018, durante a gestão de Ilan Goldfajn à frente do BC com um grupo de trabalho sobre os pagamentos instantâneos. Em dezembro daquele ano, a autoridade monetária aprovou os requisitos fundamentais para a implementação do novo ecossistema de pagamentos. Esse trabalho continuou a ser tocado pela equipe de Roberto Campos Neto, novo presidente do BC, até que o produto de transferência instantânea foi lançado em novembro de 2020. Logo, a ‘paternidade’ do sistema vem de antes, mas pode ser ‘compartilhada’ entre Temer e Bolsonaro.

A ferramenta de transferências rápidas vem sendo usada nas redes sociais para justificar a ‘oposição’ dos bancos à Bolsonaro. Uma publicação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), fomentou as mensagens de bolsonaristas nas redes sociais sobre os bancos estarem perdendo dinheiro com o PIX. Como mostra o Radar Econômico, no primeiro trimestre de 2022, os quatro maiores bancos do Brasil tiveram o maior lucro da história, de 24,3 bilhões de reais entre janeiro e março. A consolidação do novo sistema de pagamentos virou mote para as instituições oferecerem novos produtos e serviços, como linhas de crédito baseadas exatamente no PIX. O Santander, por exemplo, lançou uma modalidade de parcelamento via a modalidade com taxas de juros de mais de 2% ao mês.

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