Dança das cadeiras no Nubank: Sai o presidente e fundador ganha ‘mais voz’
Youssef Lahrech deixa o cargo de COO do Nubank e assume função estratégica como conselheiro no comitê de auditoria e riscos da fintech

A mais recente mudança no tabuleiro executivo da Nu Holdings, controladora do Nubank, marca a saída de Youssef Lahrech, marroquino que era presidente, ou, também conhecido como chefe executivo de operações (COO, na sigla em inglês), para uma posição menos executiva e mais estratégica. Ele deixa o comando da operação para abrir espaço a uma gestão mais centralizada nas mãos do fundador e CEO, David Vélez. Lahrech permanecerá ligado à fintech como conselheiro no comitê de auditoria e riscos do Conselho de Administração, além de atuar como consultor em temas estratégicos ligados à área de crédito.
Lahrech ingressou no Nubank em 2020 e foi peça-chave na expansão da carteira de crédito da empresa, um dos principais motores de receita do banco. Sua saída ocorre poucos dias depois de outro movimento relevante na alta cúpula: a nomeação de Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, como “vice-chairman e chefe global de políticas públicas, um cargo, até então, inédito no organograma da companhia. Ainda em quarentena, Campos Neto chega ao banco em julho. Portanto, ainda não faz parte, oficialmente, do quadro da empresa.
Em nota, o Nubank informou que as mudanças fazem parte de “ajustes em sua estrutura de liderança para continuar a otimizar a eficiência e a velocidade das operações”. Na prática, o que se vê é uma nova concentração de poder decisório nas mãos de Vélez. Com a saída de Lahrech, os vice-presidentes da companhia voltam a se reportar diretamente ao fundador, sinalizando uma gestão mais centralizada. A regra vale também para Campos Neto, que reportará diretamente a Vélez, presidente executivo e presidente do conselho de administração do Nubank.
A decisão surpreendeu o mercado. Lahrech havia participado da última teleconferência de resultados, realizada há menos de duas semanas, e fora anunciado, em março, como o responsável pelas operações globais do grupo. A mudança repentina levanta dúvidas sobre a governança e a estabilidade da estrutura interna em um momento em que o Nubank atravessa uma fase de consolidação institucional, alcançando mais de 100 milhões de clientes na América Latina. As ações da companhias operam no vermelho após o anúncio e são negociadas com queda de mais de 1%.