Copom define hoje taxa de juros e mercado está de olho no comunicado
Comitê do BC deve manter a taxa em 13,75% ao ano; nas últimas reuniões, documento causou mal-estar entre BC e governo Lula

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira, 3, sua decisão sobre a taxa básica de juros da economia, a Selic. É consenso entre o mercado que o BC deve manter o índice em 13,75%, continuando no maior patamar desde 2016. Logo, a grande expectativa está no comunicado do colegiado com as justificativas e, principalmente, uma indicação dos próximos passos da política monetária.
Nas duas últimas reuniões, as primeiras do governo Lula 3, o tom do documento causou ainda mais mal-estar na relação desgastada entre o Banco Central e o Planalto. Por isso, a expectativa é grande. “Eu aguardo um tom parecido com a da última reunião, em que é elogiado o trabalho do Ministério da Fazenda, sem deixar de enfatizar pontos sérios, como a independência do Banco Central, a razão de os juros estarem no patamar que estão, indicado que, por enquanto, a ‘guarda’ continua armada, sem muitas novidades para cortes”, afirma Jadye Lima, economista na WIT Invest e embaixadora do MLHR3. Após a reunião, é divulgado um comunicado com a decisão sobre a taxa e algumas indicações e na terça-feira seguinte, 9, o BC publica a ata da reunião.
No último Copom, o colegiado assinalou importantes fatores de risco para a dinâmica inflacionária, em especial as expectativas de longo prazo, o comportamento do crédito e o risco à estabilidade financeira internacional. O mercado aguarda atualização desse cenário de risco na comunicação. “Seria desejável, ainda, uma atualização da avaliação do comitê acerca da taxa neutra de juros”, analisa Everton Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
Inflação
A taxa de juros é o principal instrumento da política monetária, para levar a inflação para dentro da meta. Os dados do IPCA-15, a prévia da inflação, mostraram inflação menor em abril, mas com núcleos ainda pressionados e trazendo menos chances do BC iniciar cortes na taxa Selic a curto prazo. O índice subiu 0,57% em abril, depois de avançar 0,69% em março. Já o núcleo de serviços ficou em 0,52%, algo que deve ser levado em consideração pelo colegiado para a manutenção.
Segundo o Boletim Focus desta semana, o mercado vê a inflação pressionada, apesar da desaceleração da inflação de março e da prévia de abril. De acordo com os analistas, o IPCA deve encerrar o ano em 6,05%, acima do teto da meta de inflação, que é 4,75% para 2023.