Convite da OCDE chega em momento de Itamaraty menos ideológico, diz Guedes
Brasil recebeu carta-convite da OCDE, junto como Argentina, Bulgária, Peru, Croácia e Romênia; essa era a primeira meta da estratégia externa de Guedes
Em apresentação para a imprensa nesta tarde, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a entrada no Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) era o primeiro objetivo da agenda econômica externa. Ele participou de evento, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, e ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, para comentar o recebimento de uma carta-convite da OCDE, anunciada oficialmente nesta tarde. Além do Brasil, também foram objeto da carta cinco outros países, Argentina, Bulgária, Peru, Croácia e Romênia.
A OCDE reúne as nações mais desenvolvidas do mundo, que trocam melhores práticas de gestão por meio deste grupo. “No passado, preferíamos ter alinhamento estratégico com países sem a menor importância para o nosso país e para o mundo”, criticou Nogueira. Isso representaria uma mudança no alinhamento externo, menos ideológico e mais comercial. “Estamos seguindo o exemplo de economias mais avançadas, colocando um forte componente de negociações comerciais dentro do Itamaraty”, afirmou Guedes. “Representantes de outros países, embaixadores no Brasil sempre estão conversando sobre negócios. Muito pouco de ideologia. E o Brasil normalmente vai lá fora para conversar sobre ideologia”, numa crítica que pode ser direcionada tanto aos governos petistas quanto contra o chanceler anterior de Bolsonaro, o ex-ministro Ernesto Araújo.
Novo titular da pasta, França lembrou que as primeiras conversas por parte do Itamaraty com a OCDE aconteceram em 1991. O pedido oficial de participação aconteceu em maio de 2017. O Brasil já aderiu a 103 dos 251 instrumentos da organização. “Apenas na gestão do presidente Jair Bolsonaro, foram 37 adesões”, disse França.
O convite em conjunto com os outros países serve como alívio para o governo, uma vez que ele enfrenta grandes dificuldades para fechar acordos comerciais e bilaterais com economias importantes, conforme era o desejo da gestão desde o início. A chancela da OCDE pode servir como argumento para ajudar a destravar negociações, mesmo que falte apenas um ano para o fim da gestão.