Como aproveitar os ciclos econômicos para investir — e sair ganhando
Brasil e Estados Unidos estão em momentos diferentes e isso pode afetar alguns papéis; mudanças nos cenários macroeconômicos exigem movimentos no portfólio
Todo investidor busca oportunidades e o mercado de ações está repleto delas, mas isso não é garantia de lucro. Mesmo as empresas com os melhores fundamentos estão suscetíveis à volatilidade do cenário macroeconômico. Por isso, o investidor precisa estar atento às mudanças dos ciclos para adequar sua carteira de acordo com as movimentações da economia. Assim, é possível garantir retornos – mesmo no pior cenário – e ainda sair ganhando.
O Brasil parece estar se aproximando do final do seu ciclo de desaceleração econômica, com o Banco Central já sinalizando o fim do ciclo de alta de juros, hoje no patamar de 12,75%, enquanto o mundo, em especial, os Estados Unidos e Europa, começam a pisar no freio com a elevação dos juros na tentativa de desaquecer a economia e controlar a inflação. Essas mudanças nos ciclos econômicos exigem que o investidor faça alguns movimentos nos seus investimentos, reduzindo ou aumentando algumas posições, ou até mesmo abandonando alguns papéis.
Segundo especialistas da Guide Investimentos, o Brasil está perto do fim do período de contração, enquanto os Estados Unidos estão no final da fase de estímulo a expansão, a apenas iniciando a fase de contração por meio de elevação dos juros. E isso deve mudar toda a lógica dos investimentos. Com o aumento da inflação e aumento dos juros americanos, tanto setores defensivos quanto setores visto como de proteção para a inflação tiveram desempenho positivo. “Setores como energia (petróleo e combustíveis) e materiais básicos (siderurgia e mineração) têm um desempenho melhor. Um fato correlacionado é a visão de que esses setores servem de proteção contra a inflação, e ficam mais fortes no final da fase de expansão”, diz Fernando Siqueira, chefe de Research da Guide Investimentos.
Estes setores vão bem até o momento, mas podem estar com seus dias de glória perto do fim. “Esperamos um impacto negativo em setores considerados cíclicos globais, como petróleo, siderurgia e mineração. Acreditamos que a desaceleração da economia americana (e global) nos próximos trimestres deve tirar fôlego desse grupo”, diz Siqueira. Nessa nova fase econômica que os EUA devem entrar, os investidores devem priorizar ações mais defensivas, como os dos serviços de utilidade pública (setor elétrico e saneamento), telecom, saúde e empresas de varejo não-cíclicas (supermercados, farmácias e empresas de alimentos).
No Brasil, os especialistas acreditam que a economia brasileira já está no fim da desaceleração econômica, por isso recomendam que é a hora de começar a adicionar nomes cíclicos domésticos aos portfólios locais, como papéis de varejo, transportes e tecnologia. “Apesar de a economia brasileira ser relativamente fechada, a desaceleração global que está por vir deve atrapalhar o crescimento. Dado que ainda não estamos convictos que a fase de expansão está próxima, acreditamos que a melhor estratégia de investimentos é continuar focado em setores defensivos”, diz Siqueira, da Guide.